Copa do Mundo 2010

Dirigente sãopaulino rompe silêncio e se irrita por veto

17 jun 2010 às 10:00

Assim que a informação oficial sobre a exclusão do Morumbi do projeto da Copa do Mundo de 2014 chegou ao clube, nesta quarta-feira, a diretoria do São Paulo acionou seu departamento jurídico. A ordem do presidente Juvenal Juvêncio foi encontrar argumentação capaz de contestar a decisão. Outra determinação da direção foi passada aos dirigentes: ninguém deveria se pronunciar sobre o tema. "Desculpe, mas não vou falar", foi a reação do vice-presidente de futebol, Carlos Augusto de Barros e Silva, ao ser indagado.

Entre vários telefonemas trocados durante o dia, o clima entre a cúpula são-paulina era uma mistura de sentimentos. Alguns, como Juvenal Juvêncio, que já tinha informações privilegiadas em relação ao desfecho da novela, reagiram com inconformismo, mas certa tranquilidade. Outros, como o superintendente de futebol, Marco Aurélio Cunha, não cumpriram a determinação inicial e resolveram criticar asperamente a decisão.


Na opinião de Cunha, o veto definitivo ao estádio é consequência de interesses privados na construção de uma nova arena. "Houve boicote de interesses privados. Nos colocaram dificuldades que eu quero ver se serão colocadas para o futuro estádio", afirmou. "É que o São Paulo não se submete a esses interesses que estão em jogo. Preferimos manter a independência."


No auge de sua irritação, Cunha, que também é vereador e líder do governo do prefeito Gilberto Kassab (DEM) na Câmara, não economizou críticas ao presidente do Corinthians e chefe da delegação brasileira na África do Sul, Andrés Sanchez, e até ao diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva. "Como pode um chefe de delegação da seleção brasileira falar no meio da Copa que o Morumbi está fora?", perguntou. "E o assessor de imprensa ficar repetindo isso o tempo todo? Isso é descabido."


PREOCUPAÇÃO - Entre a cúpula do Comitê Executivo Paulista para a Copa de 2014, a surpresa deu lugar à preocupação. De acordo com o presidente do órgão, Caio Carvalho, investidores em uma nova arena são bem-vindos. "Seja onde for o (novo) estádio, se quiser investir, será muito bem-vindo. O que não pode é falar que a obra é do setor privado e depois quem paga a conta é o setor publico", afirmou. "Seria criminoso para qualquer gestor público nós investirmos nos estádios o dinheiro que deveria ser gasto com o legado que vai ficar, como mobilidade, transporte público, melhoria das rodovias, acessibilidade".

O ministro do Esporte, Orlando Silva, se mostrou receoso com a situação da maior cidade do País. "Fico triste que a novela do Morumbi tenha esse desfecho", observou. "É inexplicável a situação de São Paulo. Agora a palavra é do comitê paulista, que tem de arrumar uma alternativa para não ficar fora do evento."


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