A seleção brasileira não soube superar o desfalque de Kaká nesta sexta-feira. Sem inspiração alguma, segurou a forte pressão de Portugal no segundo tempo e apenas empatou por 0 a 0, no estádio Moses Mabhida, em Durban, pelo Grupo G da Copa do Mundo. O resultado garantiu as duas equipes nas oitavas de final.
Apesar da fraca atuação, o Brasil chegou aos sete pontos e garantiu a primeira colocação da chave, com dois na frente de Portugal. Após vencer a Coreia do Norte por 3 a 0, a Costa do Marfim chegou aos quatro pontos e terminou na terceira colocação. Agora, a seleção brasileira enfrenta o segundo colocado do Grupo H, que pode ser Espanha, Suíça, Chile ou Honduras.
O empate sem gols contra Portugal, no entanto, trouxe boas lembranças ao Brasil. O último 0 a 0 da seleção em Mundiais havia sido em 1994, na decisão contra a Itália. O resultado ainda fez a equipe repetir a campanha na primeira fase da Copa dos Estados Unidos, quando venceu Rússia e Camarões nas primeiras partidas e empatou com a Suécia no encerramento da primeira fase.
As duas seleções iniciaram a partida desta sexta com escalações bastante modificadas. Sem poder contar com Kaká, suspenso, e Elano, contundido, Dunga fez conforme o esperado: colocou Júlio Baptista na armação e improvisou Daniel Alves no meio de campo. O Brasil ainda contou com o inesperado desfalque de Robinho, que sentiu um mal súbito antes da partida e foi substituído por Nilmar.
A seleção portuguesa, por sua vez, também teve algumas modificações. Pendurados, Hugo Almeida e Pedro Mendes começaram no banco. Deco, ainda se recuperando de contusão no quadril, também desfalcou a equipe. Sem os três, o técnico Carlos Queiroz iniciou com Duda na lateral esquerda, Danny no ataque e o brasileiro Pepe no meio de campo.
Mesmo sem contar com três de seus principais jogadores de frente, o Brasil pressionou durante todo o primeiro tempo. Nilmar e Daniel Alves entraram bem e criaram algumas boas oportunidades. Luís Fabiano também se movimentava bastante, exigindo atenção da defesa adversária. Faltava apenas participação maior de Júlio Baptista, que caiu de ritmo após um bom início. Com Cristiano Ronaldo apático, Portugal apostava nos contra-ataques sobretudo pela lado esquerdo, mas pouco criou na etapa inicial.
O panorama mudou completamente no segundo tempo. Júlio Baptista sumiu de vez, a armação brasileira se perdeu e deixou os atacantes isolados, facilitando a marcação. Contando finalmente com Cristiano Ronaldo inspirado, Portugal saiu em busca da vitória. Julio Cesar, no entanto, salvou quando exigido e o confronto terminou no empate sem gols.
O JOGO - Logo no início, o Brasil ensaiou uma pequena pressão. Com uma postura ofensiva do meio de campo, conquistou dois escanteios nos primeiros minutos de jogo, ambos mal batidos por Daniel Alves e facilmente afastados pela defesa. Aos cinco, o próprio jogador do Barcelona recebeu sozinho na intermediária, carregou e bateu com perigo, para fora.
Os substitutos brasileiros, aliás, iniciaram em bom ritmo. Nilmar se movimentava muito, tentava algumas jogadas individuais e auxiliava com eficiência até mesmo na marcação. Júlio Baptista também aparecia bem e ajudava a cadenciar o meio de campo. O mais eficiente da seleção, no entanto, continuava a ser Daniel Alves. Aos 15 minutos, ele arriscou novamente de fora da área e obrigou o goleiro Eduardo a fazer sua primeira defesa.
Precisando do empate para garantir a classificação, Portugal saía apenas nos contra-ataques. E foi assim que criou a primeira boa jogada da partida. Aos 17 minutos, Raul Meirelles avançou pela esquerda e cruzou para Tiago bater de primeira, da meia-lua, em bola que passou por cima do gol de Julio Cesar. Em outra rápida saída de bola, aos 25, Juan tentou cortar lançamento no meio de campo com a mão. Os portugueses pediram a expulsão do zagueiro, mas o árbitro mexicano Benito Archundia deu apenas o cartão amarelo.
Passada a euforia inicial, o Brasil só chegou novamente ao gol de Eduardo aos 30 minutos. E dessa vez, com muito perigo. Após cruzamento de Luís Fabiano, o zagueiro Ricardo Carvalho falhou no corte e a bola sobrou para Nilmar na esquerda. Sozinho, ele dominou e bateu firme, mas o goleiro espalmou, a bola bateu no travessão e saiu. O substituto de Robinho voltou a fazer boa jogada cinco minutos depois, quando deu um bonito chapéu em Ricardo Costa e finalizou da entrada da área, por cima.
A pressão brasileira aumentou ainda mais nos minutos finais do primeiro tempo. Aos 38, Maicon fez boa jogada pela direita e cruzou para Luís Fabiano, que antecipou à marcação e cabeceou com perigo. Antes do intervalo, Dunga ainda foi praticamente obrigado a gastar uma substituição. Felipe Melo recebeu o cartão amarelo após acertar duas fortes entrada em Pepe - e recebeu uma, que também rendeu a punição ao brasileiro naturalizado português - e foi substituído por Josué.
No começo do segundo tempo, Cristiano Ronaldo caiu pelo lado esquerdo do ataque. E chegou duas vezes com perigo em menos de cinco minutos. Primeiro, recebeu sozinho, avançou até a linha de fundo e tocou para trás, mas Lúcio cortou. Logo na sequência, passou pelo próprio Lúcio e tentou o cruzamento - dessa vez, Juan salvou. O astro do Real Madrid voltou a assustar em cobrança de falta, desviada por Pepe com perigo.
Desencontrada, a seleção brasileira pouco conseguia manter a posse de bola. Portugal aumentava a pressão, contando enfim com a boa atuação de Cristiano Ronaldo. Aos 14 minutos, ele fez boa jogada pela direita, entrou na área e foi travado por Lúcio no momento do chute. A bola então atravessou a pequena área e sobrou para Raul Meirelles na esquerda. Sozinho, ele finalizou e Julio Cesar fez grande defesa.
Mesmo com a apatia da seleção, Dunga fez a primeira mudança na etapa final somente aos 37 minutos: sacou o apagado Júlio Baptista para a entrada de Ramires. Ainda colocou Grafite no lugar de Luís Fabiano. A equipe melhorou nos minutos finais. O próprio Ramires quase marcou 46, quando arriscou de longe, a bola desviou na defesa e quase encobriu Eduardo. O aguardado confronto, no entanto, ficou mesmo no empate sem gols.