Quando a influenciadora Mariana Mazzelli, 39, decidiu que queria engravidar, em 2018, ela se lembrou do que praticamente toda mulher já ouviu dizer em algum momento da vida: que a gestação é um momento lindo e especial, mas que também pode ser difícil. Ela só não imaginava que seria tão difícil assim.
Ao descobrir que teria cinco crianças, foi correndo para o Google pesquisar sobre os perigos desta experiência. Ali a capixaba Mariana percebeu que, em seu caso, poucas são as certezas sobre o que vem pela frente, em relação aos bebês. "Eu não quis fazer chá de revelação, pois sabia sobre o risco de perdê-los a qualquer momento", diz.
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Jayme, Beatriz, Benício, Laís e Bella nasceram com 27 semanas, prematuros extremos e com baixíssimo peso, e permaneceram quatro meses na UTI antes de irem para casa. Três deles, com alguma sequela. Paralelo a isso, o marido, Jayme, descobriu um câncer agressivo. Ele morreu em abril passado, um ano depois do diagnóstico. "Não me desesperei, pude me despedir. O desligamento dele com as crianças foi acontecendo aos poucos". Mariana mostra a partir de segunda (2) sua rotina com os filhos no reality "Quintuplicou", no Discovery Home & Health. Leia seu depoimento ao F5:
"Me casei com meu marido, Jayme, em 2014, e em 2018 surgiu a vontade de ter filhos. Ele já tinha um, do primeiro casamento. Começamos a tentar engravidar e não estávamos conseguindo. Foi então que decidi fazer um tratamento que consiste em tomar injeções subcutâneas que eu mesma me aplicava para amadurecer os óvulos. Em dezembro do mesmo ano, já estava grávida.
Em janeiro de 2019, descobri que eram quíntuplos. Quando recebi a notícia, fiquei dois dias para absorver aquilo, e foi quando Jayme pegou na minha mão e disse que enfrentaríamos juntos aquela nova vida, que daríamos um jeito. Meu marido foi maravilhoso do começo ao fim.
As crianças, Jayme, Beatriz, Benício, Laís e Bella, nasceram em 4 de junho de 2019, com 27 semanas. Eram prematuros extremos e com baixíssimo peso. Lembro que com 20 semanas, já tive que ficar em repouso absoluto. Com 25, fui para o hospital sem conseguir me mexer. Quando deu 27 semanas, o médico disse que tinha de fazer o parto, senão a Beatriz morreria.
O Jayme era o mais pesado, com 1,5 kg; a Beatriz, por exemplo, nasceu com 430 gramas. Os cinco ficaram quatro meses na UTI e passaram por cirurgias seríssimas, quase os perdemos várias vezes. Não imaginava que eles sobreviveriam, fui pesquisar sobre gestação de múltiplos e vi dados de muitos bebês que faleceram, fiquei assustada. Eu não quis fazer chá de revelação, nada, pois sabia o tempo todo sobre o risco de perdê-los a qualquer momento.
Em outubro de 2019, eles tiveram alta, primeiro os meninos e depois as meninas. Além de alimentar todos a cada três horas, eu tinha de administrar milhões de medicamentos e ainda precisava cumprir uma rotina regrada.
O Jayme pegou uma infecção e tirou boa parte do intestino. Os médicos falaram que ele ficaria com síndrome do intestino curto e que só se alimentaria por sonda. A Bella operou a aorta do coração, o sangue não jorrava normalmente para as pernas. Também operou duas vezes do intestino e ele rompeu. O Benício tirou alguns centímetros do ílio [osso da região do quadril]. Já a Beatriz fez cirurgia nos olhos para evitar cegueira. Com a Laís nada aconteceu, ela é um milagre.
Hoje em dia eles têm quatro anos. O Jayme e a Laís têm desenvolvimento normal. O Benício tem Down e desconfio que tenha um grau de autismo, pois fala poucas palavras. A Bella tem paralisia cerebral e não anda ainda. A Beatriz teve estrabismo, mas corrigimos com cirurgia.
Tudo isso acontecendo e meu marido estava doente. A gente sempre teve parceria, foram 12 anos de relacionamento, ele era a alegria da casa. Quando soube do diagnóstico dele de linfoma não Hodgkin foi um soco no estômago. Meu mundo caiu. O câncer era muito agressivo e seria uma batalha difícil. Jayme encarou o ano de 2022 com otimismo, tenho vídeos dele no dia 23 de dezembro falando que o câncer tinha pego a pessoa errada. Na virada para 2023, a coisa complicou. Ele começou a sentir dores, não tinha mais posição para dormir, não conseguia comer. A doença começou a apertar os órgãos.
Decidi abrir em janeiro uma vaquinha online, pois era a única chance de ele ter um tratamento nos EUA. Mas ele estava muito mal e batalhou muito, sofreu. Ainda conseguiu fazer esse tratamento revolucionário, no qual tirou células do corpo que foram enviadas para os EUA para serem modificadas e enviadas novamente ao Brasil. Só que ele teve febre alta após essa infusão, começou a emagrecer, os órgãos foram parando. Acreditei na reversão do quadro até o último dia de vida dele.
Os melhores amigos que estavam em várias partes do país chegaram no hospital e nós fizemos uma despedida. O Jayme chorava dormindo. Eu também, naquele dia 19 de abril, embarquei num sono profundo e de repente acordei com a sala tomada por médicos. Tive serenidade, não me desesperei e pude me despedir e agradecer a ele por tudo. Ele se foi.
O desligamento dele com as crianças foi acontecendo aos poucos. Em dezembro de 2022, Jayme já não tinha mais muito contato com elas. Passava mais tempo dormindo e foi se deligando aos poucos mesmo. No hospital, nós fizemos uma festa de aniversário para ele com as crianças, e foi como uma despedida.
Hoje, mãe solo de cinco crianças, sou da opinião de que o melhor é agarrar em Deus, ter fé, viver o presente e amar todas as pessoas. Perdoar. A vida é muito breve. Viva o hoje, pois o amanhã não sabemos."