O Rio de Janeiro sempre se vangloriou de criar e ditar modas para o Brasil inteiro. Mas até meados desta década o centro das atenções ficava restrito à Zona Sul, deixando de lado toda a criatividade e descompromisso com o status do circuito alternativo carioca. Um ótimo representante deste outro lado da cidade é o Planet Hemp, que trazia uma mistura de rock, rap, hip hop, reggae e até samba. A banda, que anda sumida dos palcos paranaenses faz uma única apresentação neste sábado, 22 de fevereiro, no Caribean Bar, na Praia de Caiobá (Matinhos - PR). O show será marcado por músicas que ficaram conhecidas nos 10 anos de carreira do grupo.
O primeiro disco do Planet Hemp, "Usuário", fez parte do projeto SuperDemo, do selo Chaos. Produzido pela garimpeira de talentos Elza Cohen, o álbum foi recebido com entusiasmo pela crítica e provocou muita polêmica devido à suas letras que abordavam (e opininavam) abertamente sobre a discriminação da maconha, exatamente no momento em que a discussão estava em pauta na mídia mundial.
Apesar de sofrerem represálias de políticos poderosos e terem chegado à prisão por suas músicas, o Planet nunca escondeu sua opinião. "Legalize Já" tornou-se uma espécie de abre-alas para seu repertório, sendo cantada como hino em shows e nas noites das grandes cidades. As chamadas 'rádios rock' também aderiram à campanha, transfomando "Dig dig dig (Hempa)" e "Mantenha o Respeito" em hits.
Errou quem acreditou que tudo não passava de uma jogada de marketing oportunista. Em seu segundo disco, "Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára", o Planet Hemp veio ainda mais afiado e direto. A música de trabalho "Queimando Tudo" é uma crítica bem-humorada à perseguição que sofreram. Outra porrada (devido à letra e não ao instrumental) é "Zerovinteum", que foi sucesso nas FMs.
Muito hip hop e hardcore depois, o Planet reverencia o samba na citação clássica 'Malandragem Dá um Tempo' na faixa "O Bicho Tá Pegando" e na reinvenção alucinada e dançante de "Nega do Cabelo Duro". E faz isto sem esquecer suas outras influências, como na releitura da música "The Ocean", do Led Zeppelin", transformada em "Adoled".
O vocalista Bê Negão foi substituído por Gustavo Black Alien, que hoje integra a 'Hemp Family' ao lado de D2, Rafael, Bacalhau e Formigão, além de outros agregados. Dos shows para o estúdio, o CD traz ainda Zé Gonzales nas picapes e Apollo 9 nos teclados. Ao todo, "Os Cães Ladram mas a Caravana não Pára" tem 17 faixas, embora você só vá encontrar o crédito de 16. "Via Dutra", que encerra o álbum, entrou como faixa bônus com a participação do grupo Los Sea Dux, uns malucos do outro lado da rodovia!
Completam a discografia do Planet Hemp os álbuns "A Invasão do Sagaz Homem Fumaça" (lançado em 2002), e "Ao Vivo MTV" (2001). Do primeiro saiu "Quem Tem Seda", música influenciadíssima pela black music, uma tendência que tomou conta deste terceiro álbum da banda, muito pouco divulgado devido à proibição para fazer shows, imposta por autoridades públicas. Esse tipo de problemas fez muitos integrantes do grupo desistirem da banda, como o baterista Bacalhau (hoje integrente do Autoramas) e o guitarrista Rafael (que constantemente retorna por pouco tempo à banda).
Serviço:
Planet Hemp
Local: Caribean Bar
Endereço: Av. Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1472 (ao lado do Super Rede), Praia de Caiobá (Matinhos - PR)
Data: 22 de fevereiro, sábado
Horário: A casa abre às 22h, o show começa à meia-noite
Entrada: a confirmar
Pontos de Venda antecipada: Mania do CD (Praça Osório e Shopping Metropolitan), D’Vicz (Caiobá e Guaratuba), Supermercados Super Rede (Caiobá, Praia de Leste e Ipanema) e no local
Estacionamento Vallet Park aR$ 7 (limitado)
Telefone: (41) 473-9054