Ao conversar com Eva Wilma descobrem-se grandes momentos da história da dança e do teatro paulista. No entanto, faltava para a atriz de televisão e cinema ocupar o palco de um novo jeito. Nesta quinta-feira (2), Eva junta-se ao filho Johnnie Beat para cantar no show "Crise, que Crise?", no Teatro J. Safra, em São Paulo.
Ainda colhendo os resultados de "O Que Terá Acontecido a Baby Jane?" (2016), Eva conta que soltar a voz deveria ser algo muito natural para qualquer artista da interpretação, mesmo que o peso de se apresentar num show a inunde de certa ansiedade. "Exercitar a voz faz parte do trabalho de todo ator e toda atriz, assim como o corpo. Nós devemos nos expressar com tudo que temos." E foi durante a temporada da peça no Theatro Net Rio que a atriz aproveitava para soltar a voz nos ensaios com o elenco de "Beatles Num Céu de Diamantes". "Estávamos todos em cartaz lá e me juntei a esses artistas para cantar e fiquei muito entusiasmada."
O filho da atriz conta que a participação da mãe em suas apresentações não estava bastando, o que rendeu o convite para o show. "Ela sempre cantou comigo, mas em momentos pontuais. Agora a ideia é juntar músicas que gostamos e relembrar histórias e sua carreira", diz Beat. Nada disso seria o que é se, nos anos 1950, a então bailarina continuasse a dar seus passos em direção ao Ballet do 4º Centenário, que preparava as comemorações dos quatro séculos de fundação da cidade de São Paulo.
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"Meses antes de nos apresentarmos, recebi um convite e fui para a televisão." Isso não significa que ela parou de correr e saltar. Na abertura de "Mulheres de Areia" (1973), Eva é a jovem que percorre feliz a praia na novela da TV Tupi. No show, esse trecho é recuperado enquanto cantam a música da Phonoband. "Nessa época, eu já fazia ponte aérea e já era mãe", diz a nova cantora, que também gravava na antiga Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo do Campo. "Aprendi violão e piano com meus pais. Hoje percebo que a música sempre esteve comigo." E revela que também teve aulas ao lado de Nydia Licia. "A mãe dela nos ensinava e, às vezes, cochilava diante do piano."
Para o preparador vocal da cantora e diretor musical, William Paiva, os trabalhos com Eva têm foco em produzir uma voz clara. "Ela já está superpreparada. O objetivo é alcançar uma disponibilidade muscular e um descanso do corpo."
E é com essa tranquilidade que o show empresta um olhar otimista que já começa no título. Inspirada em "Crisis, What Crisis", álbum de 1975 da banda Supertramp, a apresentação passeia pela música brasileira e internacional, como "Palpite", de Vanessa Rangel, "Sei de Cor", de Marília Mendonça, e "My Way", composta por Paul Anka e imortalizada na voz de Frank Sinatra.
Para quem aconselha aos jovens que ousem mais e sem rede de segurança, Eva parece rejuvenescer.