Há aquele ditado popular de que “a grama do vizinho é sempre mais verde”, indicando que o que olhamos de fora parece ser mais interessante, mais leve ou melhor de se viver, mas e quando você e o vizinho um dia já fizeram parte do mesmo terreno?
Vez ou outra a vida cria fronteiras físicas com barreiras difíceis de serem quebradas, há também as linhas imaginárias que dividem espaços sem ao mesmo precisar de um risco no chão. A realidade entre o México e Estados Unidos se encontra entre o físico e o fantasioso, entre os rios e secas que dividem as identificações entre povos que antigamente eram de um mesmo local.
Nascida na Cidade do México, Violeta Luna, atriz, performer e ativista, chega pela primeira vez a Londrina com o espetáculo, “Apunte sobre la frontera.” Desde 2005, ela se apresenta em festivais pelo Brasil, dessa vez, contando a história da imigração e deslocamento em massa de pessoas que saem em busca de um novo lugar, imigrantes que encontram a vulnerabilidade, marginalização do corpo e exposição ao abuso.
A “performance política”, como a atriz chama, é inspirada principalmente nas mulheres que deixam seu país de origem em busca de melhores condições de vida para seus filhos, para Violeta é necessário criar uma narrativa que difere o olhar sobre esses caminhos e iniciar um diálogo mais abrangente sobre os processos migratórios: “Penso como performance política porque é questionadora, subverte e intervém, está implícito em qualquer espaço que cria algo contra uma narrativa, um espaço político que pode operar e tirar essas construções”.
Um dos destaques que fazem parte da pesquisa para o solo é a história de Rosa Molina, que chegou aos Estados Unidos como imigrante, vinda de El Salvador durante a guerra, onde vivenciou condições desumanas para sobreviver. Ela é mãe do músico David Molina, que integra a equipe do espetáculo e é o responsável pela música original: “Foi a primeira vez que ela expôs essa história em 22 anos. Ainda me emociono quando falo disso. Tivemos acesso a muitas histórias fortes, dolorosas, e realmente as mulheres são muito resilientes e guerreiras”, conta Violeta.
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