Por princípio, Woody Allen nunca vai a a festivais. No Festival de Cannes foi diferente. Convidado para trazer sua última comédia, ‘Hollywood Ending’, que abriu oficialmente a mostra, Woody não só aceitou como veio receptivo como nunca, foi à coletiva e ainda se dispôs a receber pequenos grupos de jornalistas, o que provocou uma das mais acirradas concorrências da história recente do festival.
A Folha conversou com Woody Allen no último sábado, numa suíte do Hotel Martinez. Aos 67 anos, o diretor estava surpreendentemente calmo para quem assume as dificuldades para lidar com pessoas estranhas e que se propõem a indagar sobre ele mesmo. E quem esperava encontrar um artista somente engraçado, se surpreendeu antes com sua extrema delicadeza - e às vezes paciência - ao responder as perguntas.
Por que finalmente vir a Cannes?
Eu vinha sendo convidado há mais de vinte anos. Nunca tinha ido a nenhum festival antes. Não me agrada a idéia de competição entre filmes, entre diretores. Eu não poderia jamais participar de algum júri. Com que direito, fechado num quarto com outros, eu poderia julgar este ou aquele filme. Concordei em vir por agradecer à França pela acolhida generosa que sempre deu aos meus filmes.
Pode-se ver em ‘Hollywood Ending’ uma espécie de reconciliação sua com Hollywood?
Continuo muito crítico quanto a esta máquina de tritutar milhões e milhões de dólares sem nenhum risco, numa incrível velocidade, com filmes na grande maioria sem qualquer interesse.
Por que, outra vez e sempre, Nova York como cenário?
Isto se tornou uma saudação permanente a uma cidade abençoada, um hino a sua beleza, apesar de tudo. Muita gente ficou perplexa ao me ver pela primeira numa entrega de Oscar. Não foi pelo meu ego, mas para homenagear o cinema feito em Nova York, e principalmente as filmagens depois do horror de 11 de setembro. Era um dever aceitar.
O senhor já pensou em lançar pessoalmente um filme seu no Brasil?
Esta é uma questão de quem distribui meus filmes em cada país. Já fui convidado duas vezes para ir ao Brasil, mas não para lançar filmes. Querem que eu e minha banda de jazz nos apresentemos em São Paulo, e pode ser que isto aconteça muito breve.
*Leia a entrevista completa na Folha de Londrina desta terça-feira.