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Sem consenso para o Gralha Azul

07 fev 2001 às 11:52

Uma reunião mantida entre representantes da classe teatral com a secretária Monica Rischbieter e a diretora do Teatro Guaíra, Doris Regina Teixeira, segunda-feira à noite, no Teatro José Maria Santos, quase degolou a Gralha Azul. Ou melhor, o Troféu Gralha Azul. Já no início das discussões (o horário estabelecido era às seis, mas começou às sete) uma das propostas era a de excluir o prêmio, mas pelo visto continua sendo o peru o único a morrer de véspera.

"A Gralha está adoecida", comparou a secretária da Cultura, ao constatar que nos últimos anos o prêmio que escolhe os melhores do teatro profissional do Paraná "vem perdendo o glamour". A proposta era a de revitalizá-lo, dar-lhe a importância que sempre teve. Foi citado o prêmio Poty, criado pelo bar/restaurante Café do Teatro, onde a própria classe faz sua votação, mas como disse Monica, "estamos discutindo o único prêmio oficial que o teatro do Paraná tem".


Apesar do atraso de uma hora e de estar em pauta um ambicionado troféu, encontravam-se no Teatro José Maria Santos apenas 12 profissionais. Gradativamente foi aumentando, mas o quorum não passou de aproximadamente 40 artistas. A noite serviu para buscar um caminho que traga lustro à Gralha, como também para que mágoas dos mais diversos matizes fossem botadas para fora. Sobrou para a comissão julgadora do último ano.


Houve ensaios de desdém ao prêmio que tanto poderia ser uma gralha azul como vermelha ou amarelinha. A cineasta Berenice Mendes, convidada para gerenciar o encontro, teve dificuldades para fazer com que os artistas fossem objetivos nas exposições. Bastava uma vírgula para se iniciar uma viagem sem volta; trazer esses viajantes à terra foi seu trabalho do começo ao fim.


Mesmo com sérias dificuldades de caixa, o Teatro Guaíra bem que poderia dar como prêmio máximo a um artista uma viagem a Nova York onde o vencedor faria uma reciclagem, assistiria aos espetáculos locais e voltaria revigorado. Essa foi uma das propostas aventadas, sem que fosse esclarecido quem tomaria o vôo: ator, diretor, cenógrafo, iluminador?


Foi decisiva a atuação de Monica Rischbieter para o encaminhamento de questões mais palpáveis, pois corria-se o risco da noite não ter fim. Ficou acertado que cada uma das entidades que congrega os artistas e atende sob denominações variadas, deverá entregar uma lista de nome de futuros jurados até sexta-feira.


Na segunda-feira haverá novo encontro para concluir os trabalhos, com a escolha dos nomes dos jurados. Se houver qualquer tipo de atraso corre-se o risco do prêmio deixar de existir neste ano, pois a temporada está se iniciando. O alerta geral foi dado pela secretária da Cultura. A proposta é de que não sejam mais sete os jurados, mas um número bem maior.


Falou-se até mesmo em 50 jurados, um número aleatório, mas que congregaria gente das mais diversas atividades da sociedade. Foram citadas ocupações que vão de engenheiros a faxineiras. Como o júri recebe um jetom pelo trabalho, um grupo bem mais amplo não receberia nada.

Caberá a esses escolhidos o amor pela arte, pois terão que gastar com a gasolina do carro ou o preço da passagem de ônibus para se deslocarem onde tiver espetáculo. A ironia que passou despercebida nessa noite, mas nem por isso deixou de existir, deveu-se à proposta de um grande número de jurados ao troféu, sendo que os artistas, em sua maioria, não se fizeram presentes para discutir assunto de seu próprio interesse.


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