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Retorno com sabor de estréia

05 ago 2002 às 12:10

Superar todos os desafios. Com esse ideal a Companhia Ballet de Londrina conseguiu criar uma nova proposta e montar o espetáculo “Eternamente”. Entre os maiores obstáculos está principalmente o financeiro, mas o maior desafio foi a criação em conjunto. “Buscamos fazer a coreografia numa relação mais íntima com todo o grupo. A criação da música também ficou mais próxima de todos. É uma proposta nova, que tem tudo a ver com o cenário atual da Companhia, que completa 10 anos em 2003”, diz Leonardo Ramos, diretor do Ballet de Londrina.

O grupo acaba de retornar de apresentações nas cidades de Ponta Grossa, Toledo e Cascavel. O diretor Leonardo Ramos também conta que ficou surpreso com o público paranaense. “Tínhamos a intenção de mostrar que é possível fazer um circuito de espetáculos por cidades do Paraná que já possuem uma estrutura física para abrigar as apresentações. E vimos que é possível fazer a produção paranaense circular nos teatros que já existem. Ponta Grossa por exemplo, já tem um público formado”, avalia.


O Ballet retorna agora a Londrina, e vai reapresentar o espetáculo “Eternamente” de 02 a 25 de agosto. As apresentações vão ser realizadas de sexta a domingo, sempre às 21h. A volta ao lar vai ter gosto de estréia. Dois bailarinos da Companhia que estavam machucados, e não se apresentaram na semana de estréia, voltam a integrar o grupo. Para Leonardo Ramos a liberdade de criação e improvisação dos bailarinos traz um espetáculo com outra cara. Em “Eternamente”, o elenco busca o lado mais expressivo da dança, e, pela primeira vez na história da Companhia, todos dançam descalços.


O gosto de estréia também faz parte do Circo Teatro Funcart, que diminui o número de lugares de 260 para 170, mas em compensação melhorou a visão do palco, e passou a oferecer um maior conforto para os espectadores. A mudança foi possível porque o Teatro Funcart recebeu da Universidade Estadual de Londrina as cadeiras que eram usadas no Cine Teatro Ouro Verde. Depois de Londrina, a temporada 2002 do Ballet prossegue com apresentações em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, nas duas primeiras semanas de setembro.


Apesar de fazer parte de uma trilogia iniciada com o espetáculo “Nunca”, em 2001, “Eternamente” não dá continuidade à obra, mas procura levantar uma discussão sobre a relação entre as pessoas. A idéia do “Eternamente”, pode ser resumida num trecho de Jorge Luis Borges, citado no início do espetáculo “Nunca”. “O passado é indestrutível. Cedo ou tarde as coisas voltam, e a primeira coisa que volta é o projeto de abolir o passado”.


“ ‘Nunca’ pregava a liberdade, novas descobertas, novas possibilidades, novos encontros. As cenas misturavam força e delicadeza, e mostravam um homem cheio de possibilidades, negando sempre o nunca. Já ‘Eternamente’ se contrapõe ao nunca mais, e constata que sempre vamos estar presos na repetição, mesmo na busca de algo novo. As coisas se repetem”, explica Leonardo Ramos.


Para trabalhar com a perspectiva do eterno retorno, o diretor buscou na memória, a matéria para a sua produção. “Trabalhamos com a idéia do ser humano preso ao círculo vicioso de suas próprias lembranças, e com as diversas possibilidades da memória humana”, diz o diretor. “Eternamente” é o espetáculo mais distante do trabalho do coreógrafo e dos bailarinos da Companhia, todos de formação clássica.


“É uma experiência que aproxima o bailarino do papel de intérprete e criador. Assim o trabalho passou a ser mais de direção do que de criação coreográfica”, conta Leonardo Ramos. A primeira experiência do grupo neste formato foi a performance “Movimento”, criada em 2001 a partir da obra do pintor americano Jackson Pollock, e a sua pintura de ação.


Outro desafio e diferencial de “Eternamente” é a cenografia, assinada por Regina Mello. “Foram colocadas chapas de raio X em três paredes do palco, o que dificultou a montagem da iluminação, mas o resultado ficou muito bom”, diz o diretor Leonardo Ramos, que conta com a assistência de Ana Aromatário na direção. A coordenação técnica é de Roberto Carlos Cunha da Rosa e a trilha sonora de Marco Tureta.


No elenco estão os bailarinos Aguinaldo Souza, Alessandra Menegazzo, Alysson Pedrão, Alexandro Micale, Luciana Lupi, Cláudio de Souza, Marciano Boletti, Marx Bruno, Patrícia Proscêncio, Raphael Panta, Viviane Terrenta e Wagner Rosa. A trilogia iniciada com “Nunca” deve ser encerrada no próximo ano com a montagem do espetáculo “Fome”. “Na terceira parte da trilogia vamos mostrar a sede pela transformação”, adianta Leonardo Ramos.


Serviço:
Espetáculo “Eternamente”

Data: 02 a 25 de agosto (de sexta a domingo)
Local: Circo Teatro Funcart
Endereço: R. Souza Naves, 2380
Horário: 21h
Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (para estudantes, aposentados e contribuintes da Funcart)
Telefone: (43) 342-2362


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