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Pequenos notáveis

10 jan 2001 às 10:07

A 19ª Oficina de Música de Curitiba está proporcionando uma oportunidade única para mais de 20 crianças carentes que vivem no orfanato da Fundação da Solidariedade Campo Magro (PR): integrar o coral infantil do evento. Os ensaios são diários e na próxima semana o grupo se apresentará no Teatro Guaíra.

"Já participei do coral na oficina do ano passado e estou adorando estar aqui novamente", diz Viviane Lopes, 11 anos, que mora no orfanato há cinco anos. "O que aprendemos aqui, treinamos e continuamos estudando durante o ano todo", conta.


Ela e outras 21 crianças órfãs fazem parte do grupo, intitulado Didática e Prática de Coro Infatil. Ao todo, são 55 componentes. Além dos moradores do orfanato, há no coral outros 23 estudantes da comunidade. A experiência vem sendo repetida desde a primeira edição da oficina, há 19 anos.


Formado por crianças e adolescentes com idades entre seis e 17 anos, o coral tem como objetivo principal permitir aos alunos a vivência da parte prática, já que os ensaios acontecem no palco e os recitais são apresentados para platéias reais. "Para eles e para nós funciona como um laboratório vivo", explica a assistente de regência Ana Cristina Lago.


O resultado final, como em todos os anos, é apresentado num recital aberto ao público. Ainda sem data e local confirmados, o espetáculo deverá ser na noite da próxima terça-feira, no Teatro Guaíra.


Muitos dos integrantes do coral infantil são alunos de outros cursos da oficina ou filhos de alunos que, enquanto aguardam as aulas dos pais, participam do curso de canto. A professora Agnes Schmeling afirma que não há pré-requisito para ingressar no coral. "É necessário apenas ter vontade de cantar", comenta.


E é esta vontade que não falta à estudante Jocieli Gomes. Em seus 14 anos de vida, ela já participou nove vezes do coral da Oficina de Música de Curitiba. Apesar de ser estudante regular de violino, durante o evento está abrindo mão de seu instrumento favorito para se dedicar exclusivamente as aulas de canto.


"É muito diferente a experiência com o violino e com o coral. Quando eu pratico a voz aqui na oficina, começo a cantar até em casa", afirma. Sua convivência com o coral é tão forte que ela tem vários amigos no grupo. "São pessoas que eu posso encontrar apenas uma vez por ano, na oficina, mas que considero minhas amigas", diz. A convivência com os internos do orfanato, em sua opinião, foi uma integração que funcionou muito bem, resultando inclusive em várias amizades.


Iniciante no grupo, mas já veterana na música, a pequena Clarisse Sofia Alejandra Di Núbila, nove anos, também já se integrou com a turma do coral. Filha de uma professora de flauta do Conservatório de MPB de Curitiba, onde ela própria também estuda flauta, Clarisse conta que a música faz parte de sua vida desde que nasceu.

No ano passado, participou do coral de MPB da oficina. Desta vez, decidiu conhecer melhor o fase erudita do coral infantil. "Gosto de cantar, sinto que desenvolvo mais como música quando solto a minha voz", diz, como gente grande.


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