Há um ano, o roteirista e diretor David Mamet apresentou no Festival de Veneza, fora de concurso, seu filme mais recente e a estréia desta sexta-feira no circuito brasileiro: ''O Assalto'', quase uma obra-prima do policial contemporâneo. Mamet, para quem está chegando agora, é dramaturgo brilhante, roteirista e diretor originalíssimo, trabalhando ao largo da mesmice hollywoodiana. São dele os roteiros de ''O Destino Bate a sua Porta'' (versão de 1981) e ''Os Intocáveis'' (89). E é dele a direção de ''Jogo de Emoções'', ''As Coisas Mudam'' e ''O Cadete Winslow''. Como se nota, um alternativo a festejar com entusiasmo.
''É o amor pelo ouro que move o mundo'', filosofa um impagável Gene Hackman, veterano e experiente ladrão de jóias que no entanto comete o deslize de ser flagrado pela câmera durante o último golpe. A julgar pelo ponto de vista do próprio David Mamet, o engano é o verdadeiro motor da ação humana. ''O Assalto'', depois do simpático mas inócuo exercício de metacinema que o diretor realizou com ''State and Main'', é a tentativa do diretor de amoldar a regra clássica do ''film noir'' - o grande golpe à mão armada - a uma reflexão estética e moral: na espiral da maquinação, as regras caem por terra e o homem resta sozinho, apenas com seu cérebro. A empreitada criminosa torna-se acima de tudo um desafio intelectual e racional. E o cinema que a descreve deve ser estrutura como um teorema.
*Leia mais na edição desta sexta-feira da Folha de Londrina
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