Evento Solidário
A Cinemateca de Curitiba começa a exibir nesta quarta o filme "Memórias Póstumas", longa de André Klotzel baseado na obra de Machado de Assis (1839 - 1908). A pré-estréia do filme, que acontece às 21h30, tem direito a debate depois da exibição, com participação do diretor e da atriz Viétia Rocha. O longa traz Reginaldo Faria no papel do rico e finado herdeiro Brás Cubas e Sônia Braga como a prostituta Marcela. Foi o grande vencedor do Festival de Gramado deste ano levando cinco prêmios, incluindo os Kikitos de melhor filme e direção.
"Memórias Póstumas" não só reúne bons atores, como derruba o estigma das adaptações literárias para o cinema serem vistas como um empreendimento de risco, quase sempre fadadas (e limitadas) a comparações. "O filme surpreende agradavelmente", revela o diretor. De São Paulo, onde atualmente mantém a produtora Cinematográfica Superfilmes, ele falou à Folha 2 por telefone. Revelou as estratégias de lançamento do filme e como "Memórias Póstumas" vem sendo recebido pelo público desde que abocanhou os principais prêmios em Gramado. "A divulgação do filme depende mais do boca a boca do que de seu apelo em si", salientou.
O diretor sabe que um filme baseado num romance de Machado de Assis causa prevenção. Mais ainda, acredita, pelo desconhecimento do público em relação à obra. "As pessoas não sabem que é uma história divertida, agradável".
"Memórias Póstumas" conta a história de Brás Cubas (Reginaldo Faria/Petrônio Gontijo), que decide narrar suas memórias depois da sua morte, em 1869, revisitando os fatos mais marcantes da sua vida. O defunto relembra sua infância, juventude, incidentes familiares e personagens singulares, como o amigo Quincas Borba (Marco Caruso), que passa de mendigo a milionário. O personagem convida o espectador (no livro, o leitor) a testemunhar sua tumultuada vida amorosa. Lembra o primeiro amor, a cortesã espanhola Marcela (Sônia Braga) que amou por "quinze meses e doze contos de réis". O segundo, a jovem Eugênia (Milena Toscano) e sua grande paixão, Virgília (Viétia Rocha), que acaba trocando-o pelo bem-sucedido político Lobo Neves (Otávio Muller). A narrativa mantém as nuances irônicas de Machado de Assis, que publicou o romance em 1881.
Escolhido como tema para o terceiro longa de André Klotzel (antecedido por "A Marvada Carne", 1986 e "Capitalismo Selvagem", em 1994) "Memórias Póstumas" começou a ser rodado em 1998. As filmagens se estenderam por doze semanas, com locações em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Coimbra, em Portugal. O filme enfoca a elite carioca do século XIX.
O diretor optou por manter o requinte e ironia do texto machadiano, já que distante disso, o filme não faria sentido algum. Os diálogos foram (re) criados por José Roberto Torero, que assinou entre outros, o roteiro de "Pequeno Dicionário Amoroso", de Sandra Werneck. Torero e Klotzel já haviam trabalhado juntos antes, no documentário "Brevíssima História de Gente de Santos" (1996), institucional encomendado pela Prefeitura de Santos.
Os diálogos de "Memórias Póstumas" sofreram modificações até a montagem final, trabalho que foi facilitado pela própria característica do filme, que traz várias passagens em offs. A distribuição, pela Lumiére, tem agradado o diretor. Há 46 cópias do filme circulando pelo País e também seguindo para festivais internacionais, como o de Calcutá, em novembro. No Paraná, teve exibição em Maringá, no mês passado. Nessa semana está sendo lançado também em Belo Horizonte (MG). Em Curitiba, para variar, chega com atraso.
O debate depois da exibição, adianta o diretor, não tem o objetivo de esclarecer o longa. "O filme deve ser mais eloquente do que eu", brinca. Mas a questões que suscitam no público, ávido por boas produções nacionais, podem ser discutidas no bate-papo.
Depois de participar do debate, o diretor volta para São Paulo para conduzir os seus próximos trabalhos. Ele foi convidado pelo produtor carioca Júlio Worsman para dirigir um curta sobre imigrantes, com roteiro também de Torero. São registros obtidos no Museu da Pessoa, em São Paulo, conforme adianta Klotzel. O curta deve ser lançado no início do próximo ano.
Pré-estréia de "Memórias Póstumas", às 21h30, na Cinemateca de Curitiba (Rua Carlos cavalcantei, 1174). Após a exibição, debate com o diretor e a atriz Viétia Rocha.
"Memórias Póstumas" não só reúne bons atores, como derruba o estigma das adaptações literárias para o cinema serem vistas como um empreendimento de risco, quase sempre fadadas (e limitadas) a comparações. "O filme surpreende agradavelmente", revela o diretor. De São Paulo, onde atualmente mantém a produtora Cinematográfica Superfilmes, ele falou à Folha 2 por telefone. Revelou as estratégias de lançamento do filme e como "Memórias Póstumas" vem sendo recebido pelo público desde que abocanhou os principais prêmios em Gramado. "A divulgação do filme depende mais do boca a boca do que de seu apelo em si", salientou.
O diretor sabe que um filme baseado num romance de Machado de Assis causa prevenção. Mais ainda, acredita, pelo desconhecimento do público em relação à obra. "As pessoas não sabem que é uma história divertida, agradável".
"Memórias Póstumas" conta a história de Brás Cubas (Reginaldo Faria/Petrônio Gontijo), que decide narrar suas memórias depois da sua morte, em 1869, revisitando os fatos mais marcantes da sua vida. O defunto relembra sua infância, juventude, incidentes familiares e personagens singulares, como o amigo Quincas Borba (Marco Caruso), que passa de mendigo a milionário. O personagem convida o espectador (no livro, o leitor) a testemunhar sua tumultuada vida amorosa. Lembra o primeiro amor, a cortesã espanhola Marcela (Sônia Braga) que amou por "quinze meses e doze contos de réis". O segundo, a jovem Eugênia (Milena Toscano) e sua grande paixão, Virgília (Viétia Rocha), que acaba trocando-o pelo bem-sucedido político Lobo Neves (Otávio Muller). A narrativa mantém as nuances irônicas de Machado de Assis, que publicou o romance em 1881.
Escolhido como tema para o terceiro longa de André Klotzel (antecedido por "A Marvada Carne", 1986 e "Capitalismo Selvagem", em 1994) "Memórias Póstumas" começou a ser rodado em 1998. As filmagens se estenderam por doze semanas, com locações em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Coimbra, em Portugal. O filme enfoca a elite carioca do século XIX.
O diretor optou por manter o requinte e ironia do texto machadiano, já que distante disso, o filme não faria sentido algum. Os diálogos foram (re) criados por José Roberto Torero, que assinou entre outros, o roteiro de "Pequeno Dicionário Amoroso", de Sandra Werneck. Torero e Klotzel já haviam trabalhado juntos antes, no documentário "Brevíssima História de Gente de Santos" (1996), institucional encomendado pela Prefeitura de Santos.
Os diálogos de "Memórias Póstumas" sofreram modificações até a montagem final, trabalho que foi facilitado pela própria característica do filme, que traz várias passagens em offs. A distribuição, pela Lumiére, tem agradado o diretor. Há 46 cópias do filme circulando pelo País e também seguindo para festivais internacionais, como o de Calcutá, em novembro. No Paraná, teve exibição em Maringá, no mês passado. Nessa semana está sendo lançado também em Belo Horizonte (MG). Em Curitiba, para variar, chega com atraso.
O debate depois da exibição, adianta o diretor, não tem o objetivo de esclarecer o longa. "O filme deve ser mais eloquente do que eu", brinca. Mas a questões que suscitam no público, ávido por boas produções nacionais, podem ser discutidas no bate-papo.
Depois de participar do debate, o diretor volta para São Paulo para conduzir os seus próximos trabalhos. Ele foi convidado pelo produtor carioca Júlio Worsman para dirigir um curta sobre imigrantes, com roteiro também de Torero. São registros obtidos no Museu da Pessoa, em São Paulo, conforme adianta Klotzel. O curta deve ser lançado no início do próximo ano.
Pré-estréia de "Memórias Póstumas", às 21h30, na Cinemateca de Curitiba (Rua Carlos cavalcantei, 1174). Após a exibição, debate com o diretor e a atriz Viétia Rocha.