Cinema é cinema. Teatro é teatro. Partindo dessa premissa, o codiretor de "Ligações Perigosas", Ricardo Rizzo, tirou de letra uma comparação que poderia ser um peso.
Ao apostar na personalidade de seu elenco de atores, criou uma terceira obra. Em cena, a paranaense Maria Fernanda Cândido vive sua primeira vilã, a Madame de Merteuil.
"O texto é brilhante e ao estabelecermos uma maneira teatral de contá-lo tornou mais fácil acertar as amarras e estabelecer o modo de interpretação para mostrar que o que acontece ali, ao vivo, é diferente do cinema, que tem outros recursos", explica, referindo à versão dirigida por Stephen Frears, em 1988, com atuações emblemáticas de John Malkovich, Glenn Close e Michelle Pfeiffer e que apresentou Uma Thurman, no papel da jovem Cécile.
Para alcançar este olhar, e provocar o envolvimento da plateia, foi necessário mais compreensão da história e dos personagens criados pelo francês Choderlos de Laclos, em 1792, na obra "Les Liaisons Dangereuses".
"É uma história muito cheia de detalhes, nuances e procuramos manter isso tudo, ficando o mais fiel possível ao texto", diz Rizzo, que assina a segunda direção do espetáculo.
A direção original é assinada por Mauro Baptista Vedia. Ele também quis valorizar o bom humor. "Porque apesar da carga dramática, da crueldade e da ironia que marcam a obra, o bom humor é necessário. E funciona porque as pessoas acabam rindo em momentos estratégicos", conta.
Outro ponto alto, avalia Rizzo, são os atores. "Trabalhar com profissionais tão bons dá condição de criar a partir do pessoal do ator e não de uma estética presente em um filme que já está no subconsciente das pessoas", avalia. "Prefiro pensar, portanto, que criamos uma terceira obra, teatral, e que ela está nas mãos dos atores", completa ele. No elenco está também a jovem Laura Neiva, que desponta como uma revelação do cinema. "Ligações" é a estreia dela no teatro, vivendo Cécile.
'Serviço':
Drama| São Paulo| Teatro Positivo – Grande Auditório
Dias 8 e 9 às 21h | Ingressos: R$25 e R$50