Uma técnica apenas já não é suficiente para abrigar uma obra de arte. As vertentes e tendências dialogam entre si, assim como artistas de determinadas escolas ''invadem'' cada vez mais outros terrenos na busca de novas experiências. O resultado é a soma de técnicas, a expansão dos suportes. E é esse mote que foi levado em consideração para colocar em prática o Imagética, megaevento da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) que começa nesta terça-feira, 11 de novembro.
Trata-se de uma espécie de reunião de dois eventos já realizados pela fundação a Bienal de Fotografia e a Mostra de Gravura com outras propostas inéditas, incluindo a artemídia.
A salada cultural vai reunir em Curitiba artistas de diversas cidades brasileiras, que vão expor seus trabalhos simultaneamente em seis espaços da cidade. O coordenador curatorial do evento Ricardo Ribemboim (que em Curitiba já assinou a curadoria das exposições que inauguraram o Museu Oscar Niemeyer, no ano passado, e prestou assessoria para o Espaço Frans Krajcberg, recém-inaugurado no Jardim Botânico) explica que foram escolhidos os artistas que estavam realizando um trabalho de investigação, ''mesclando diversas linguagens para a realização de uma ou mais obras''.
Ao lado de Eduardo Brandão, Rivardo Oliveros e Ricardo Resende, Ribemboim começou a desenhar o projeto do Imagética há quatro meses. Durante dois meses eles visitaram cerca de 70 ateliers de artistas em seis cidades brasileiras. Escolheram 124 artistas, mas o Imagética reúne um material ainda mais vasto e apresenta trabalhos de outros nomes conhecidos, já que inclui na grade de exposições, uma retrospectiva de edições anteriores da Mostra de Gravura e da Bienal de Fotografia, com obras do acervo da fundação.
Nomes que soam conhecidos até aos ouvidos mais desatentos, como Augusto de Campos, Arnaldo Antunes e Cildo Meirelles até outros que despertam curiosidade mais pela proposta que apresentam do que pelo conjunto da obra vão dividir espaço no Imagética. Artistas de Curitiba são poucos e talvez por isso o Imagética tenha causado um certo mal-estar local desde que foi anunciado.
Fotógrafos curitibanos, representados pela Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de Curitiba (Arfoc) e Associação Brasileira de Fotógrafos Publicitários (Abrafoto), chegaram a enviar para o presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Cassio Chamecki, uma carta de repúdio ao evento, principalmente porque ele absorve a Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba, deixando, na opinião dos fotógrafos, uma lacuna nessa área.
Para Chamecki, esse mal-estar foi superado. ''Foi uma reação artificial que acabou gerando uma repercussão real, mas que já se dissipou por causa do próprio conceito do Imagética'', opina. Ele ressalta que o evento segue a política cultural da Fundação de manter a programação em movimento, evitando a estagnação. ''A Mostra da Gravura e a Bienal de Fotografia precisavam desse movimento'', opina.
Para João Urban, um dos fotógrafos que assinou a carta enviada à Fundação, o Imagética é um movimento de marketing da Fundação Cultural. ''A Fundação não teve consideração com os fotógrafos da cidade'', lamenta. Urban pediu até mesmo que as fotos assinadas por ele que integram o acervo da Fundação fossem retirada da mostra Acervo de Fotografia da FCC, que tem curadoria de Chico Nogueira. Obras de outras duas fotógrafas (Mila Jung e Lina Faria) tiveram suas obras retiradas da mostra pelo mesmo motivo.
Sob protestos e festejos, vai ser difícil ignorar a mostra. O Imagética ocupa seis espaços da cidade (Solar do Barão, Museu Metropolitano de Arte, Memorial de Curitiba, Casa Romário Martins, Museu de Arte Sacra e Moinho Novo Rebouças) até o dia 18 de janeiro de 2004.
Serviço:
Imagética, exposição de fotografias, gravuras e artemídia em diversos espaços culturais de Curitiba.
Visitas de terça a sexta-feira, das 13 às 21 horas. Sábados das 13 às 19 horas e domingos das 10 às 17 horas.
Entrada franca.