Um filme do ator e diretor americano Mel Gibson sobre a civilização maia está provocando protestos de representantes indígenas na Guatemala. Os militantes no país – que era ocupado, até a chegada dos conquistadores espanhóis à América, no século 15, pelo Império Maia - disseram que o filme, Apocalypto, denigre a imagem da civilização. As informações são da BBC Brasil.
"O diretor está dizendo que os maias eram selvagens", disse Lucio Yaxon, um ativista pelos direitos humanos. Mas um arqueólogo que deu consultoria aos produtores do filme, Richard Hansen, disse que Gibson estava tentando fazer "um comentário social".
Piercings e sacrifícios - Ele disse que o diretor, que também é co-autor do roteiro, fez grande esforço para que o filme fosse historicamente exato e autêntico. Representantes de Gibson não estavam disponíveis para responder às críticas.
Apocalypto estréia em dezembro nos Estados Unidos e em janeiro no Brasil. Apenas o trailer foi visto na Guatemala, mas líderes maias dizem que cenas de índios com piercings de ossos fazendo sacrifícios humanos promovem estereótipos negativos sobre a cultura.
"Gibson reforça (...) uma noção racista e ofensiva de que os maias eram brutais uns com os outros muito antes da chegada dos europeus e portanto mereciam, e na verdade precisavam, ser salvos", disse Ignacio Ochoa, diretor da Nahual Foundation, que promove a cultura maia.
O filme já recebeu boas críticas da imprensa especializada nos Estados Unidos. O texto é falado em maia e o uso de atores nativos arrancou elogios de grupos indígenas nos Estados Unidos.
A civilização maia entrou em declínio após o século 8. Mais da metade da população da Guatemala é descendente dos maias e a maioria vive na pobreza, com pouco acesso à educação e a serviços sociais. Mais de 200 mil pessoas, a maioria maias, foram mortas durante a guerra civil no país, que durou 36 anos e terminou há uma década.