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Festival de Teatro de Curitiba termina com altos e baixos

26 mar 2006 às 19:10

Dos 232 espetáculos anunciados na grade geral do 15º Festival de Teatro de Curitiba, que encerra neste domingo, 12 deixaram de ser apresentados no Fringe, a mostra pararela. E a montagem mais procurada do evento, ''O Amor Imortal de Antonio e Cleópatra'', da Mostra Oficial, teve sua apresentação cancelada.

A produção não considera as baixas da mostra paralela um problema, em virtude do grande número de apresentações do evento, mas para o diretor geral do festival, Victor Aronis, o cancelamento de uma produção da mostra oficial é grave. ''Essa é a segunda vez em 15 anos de festival que isso acontece. A primeira, foi porque um ator morreu'', argumenta Aronis.


A montagem que tinha Maria Padilha e Caco Ciocler no elenco era uma das únicas peças com atores globais no elenco. Foi cancelada porque Ciocler foi convocado para gravar as últimas cenas da minissérie JK, exibida pela Rede Globo.


Apenas um cancelamento pode parecer pouco dentro da grade de 19 apresentações da Mostra Oficial, mas a ausência da montagem foi responsável por um fenômeno do FTC nesta edição. Em um balanço prévio, a organização registrou queda no número do público da mostra oficial. Redução que foi compensada no Fringe, que registrou aumento de público. Isso aconteceu porque o espetáculo cancelado teria duas apresentações no Guairão, que tem quase 3 mil lugares.


Aronis não acredita que a migração do público para o Fringe seja resultado da busca por montagens mais de vanguarda ou alternativas. ''As comédias e as peças com apelo mais popular são as mais procuradas da mostra paralela'', avalia.


Este ano, a mostra oficial não trouxe grandes estrelas da televisão e talvez por isso tenha registrado queda no número de público. Mas essa não é uma avaliação negativa. Significa que o evento está disposto a ousar (ou só a reduzir custos, mas sejamos otimistas). Pela primeira vez, por exemplo, o FTC trouxe companhias desconhecidas para a mostra oficial, mas que foram bem sucedidas no Fringe do ano anterior. ''De repente isso pode até se tornar uma prática'', especula Aronis.


Mas nada ainda foi definido para o ano que vem. Uma mudança no entanto, pode acontecer. ''Percebemos que faltam espetáculos das regiões Norte e Nordeste, por exemplo, e que isso não combina com o desejo que temos de ser uma vitrine do teatro no Brasil. Vamos tentar sanar isso o ano que vem, talvez viajando para essas regiões e conversando com as prefeituras sobre a importância de incentivar grupos locais a participarem do evento'', adianta.


Quanto ao fiasco que foi a abertura do FTC este ano, Aronis ameniza: ''Acho que a idéia era boa, mas talvez o resultado não tenha agradado''. O espetáculo de abertura, dirigido por Marcio Abreu e com participação da Orquestra Sinfônica do Paraná, não só se estendeu mais do que devia como foi um desrespeito para as duas artes: a música e o teatro.


A imponência e a competência da OSP se perdeu com as intervenções de Luis Melo e o talento do ator ficou reduzido com a proposta. Ainda é cedo para pensar em como essa abertura aconteceria ano que vem, conforme ressalta Aronis, mas ele expressa o seu desejo: ''Gostaria que o festival abrisse com uma ópera. Aí sim seria uma união de todas as artes em um só espetáculo'', diz.

A produção estima que o número de pessoas que assistiram aos espetáculos tanto da Mostra Oficial quanto do Fringe e participaram dos eventos paralelos do FTC (palestras, oficinas e lançamentos) deve ficar em torno de 110 mil, o mesmo registrado no ano passado.


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