Qual é o negócio do agronegócio? O que há por trás da monocultura e da transgenia? Qual é o papel da mídia nesse processo? Quais são as relações entre a produção de alimentos e a cultura de um povo? Com uma câmera e essas perguntas na mão, a diretora Berenice Mendes produziu o documentário "Estado de Resistência", que será exibido na terceira edição do programa DOCTV.
O filme tem estréia nacional em junho, com exibição nas TVs públicas, e aborda o avanço dos transgênicos e os reflexos desse processo na padronização dos hábitos alimentares da sociedade.
Atualmente, no Brasil, o cultivo de organismos geneticamente modificados representa grande parte da produção de soja. As sementes são compradas de multinacionais produtoras da tecnologia ou pirateadas de outros países da América do Sul. Nos dias de hoje é possível encontrar produtos oriundos de alimentos geneticamente modificados nas prateleiras dos supermercados.
Essa tendência é defendida por agricultores e grandes empresas, que apontam avanços na produtividade, mas também é criticada por muitos ambientalistas, que temem seus efeitos sobre a biodiversidade.
De acordo com a diretora Berenice Mendes, o enfoque inicial do documentário era mais científico, mas durante o processo de pesquisa a idéia mudou. O resultado foi um discurso contra esse processo vivido no Brasil e no mundo, a partir do exemplo do Paraná, um dos maiores produtores de grãos do país. "Percebi que não era apenas a introdução dessa tecnologia na agricultura. Na realidade, o que estamos sofrendo é um processo de manipulação do padrão alimentar da população".
O documentário aponta ainda como o processo do agronegócio tem afetado a perda dos modos tradicionais de produção e, até mesmo, a própria manutenção de hábitos culturais.
Agência Brasil