Música erudita ecoando pelos corredores e jardins do Colégio Estadual do Paraná. O primeiro dia de aulas da 19ª Oficina de Música de Curitiba, ontem, não foi diferente das edições anteriores. Mais de mil alunos e professores vindos de vários lugares do Brasil e do mundo se movimentavam pelas salas de aula, provocando uma harmoniosa mistura sonora de vários instrumentos musicais.
Até o dia 27 de janeiro, quando encerra a fase de MPB da oficina, Curitiba será a capital nacional da música. A etapa erudita, que prossegue até o dia 17, surpreendeu à organização do evento pelo grande número de inscritos de outras cidades. Só alunos argentinos são 60, segundo cálculos da coordenadora Ingrid Seraphim. Dentro do Brasil, os Estados recordistas em números de inscritos são Paraná e São Paulo.
Um grupo de 27 jovens alunos do método Suzuki de violino infanto-juvenil da Universidade de Campinas (Unicamp), por exemplo, está na cidade. Pela primeira vez em Curitiba, as irmãs Hanna e Rebeca Baek, de 9 e 7 anos de idade, estão entusiasmadas com as aulas da oficina. "Quero ser violinista profissional quando crescer", diz Rebeca.
Autosuficientes, elas contam orgulhosas que a mãe não pôde vir a Curitiba e que elas estão se virando sozinhas. "A viagem ficaria muito cara se ela tivesse vindo", afirma Rebeca. Junto com o grupo da Unicamp, as irmãs permanecerão na cidade durante 12 dias.
Na mesma sala de aula, a estudante paulista Karen Tavares de Almeida, 11 anos, também pratica o seu violino. Com três anos de experiência, ela conta que já nasceu gostando de ouvir e tocar violino. "Eu sempre quis que ela tocasse piano e levei um susto quando ela se recusou a ir para a aula e pediu para estudar violino", conta a mãe, Cida Tavares de Almeida. "Eu nunca tinha ouvido este instrumento", diz.
Além de tocar diariamente no Conservatório de Música, em São Paulo, Karen não perde uma oportunidade para se aperfeiçoar em cursos paralelos. Recentemente realizou uma oficina em Jaraguá do Sul (SC). Em Curitiba, participa pela primeira vez da Oficina de Música.
No meio de um grupo de crianças, na sala ao lado, um dos alunos se destaca. Aos 67 anos, Itelmo Roque Mollmann aprende viola pelo método Suzuki.
Professor de 50 alunos na cidade de Carazinho (RS), ele veio a Curitiba acompanhado por sete deles. No ano passado, Mollmann frequentou o curso de violino na oficina de Curitiba. Desta vez, a escolha pelas aulas de viola tem uma boa justificativa: ainda neste ano, será formada uma orquestra municipal em Carazinho. "Já temos vários bons violonistas, preciso agora ensinar viola para eles", conta.
No ano passado, ele veio a Curitiba para freqüentar o curso de violino pelo método Suzuki. "Eu não me importo em ser o vovô da turma, estou acostumado a estar no meio de crianças", diz.