São 70 anos de idade e 50 de profissão. As duas datas, completadas no ano passado, serão comemoradas a partir de hoje com a exposição "Fernando Velloso e a Poética da Matéria", no Museu de Arte Contemporânea (MAC). Em cartaz até o dia 16 de maio, a mostra conta com 26 grandes quadros.
Todos eles são recentes, produzidos nos últimos três anos. Apesar da exposição ser comemorativa, Velloso se opôs a idéia óbvia de trazer ao público uma retrospetiva de sua carreira. "Isso é para quando o artista morre", brinca.
Bem humorado, ele comenta que na sua idade o melhor é mostrar obras atuais, que provam a vitalidade e a evolução do artista. "Pelo fato de ter tido um passado político muito marcante, eu corro um risco muito grande das pessoas me associarem sempre a este passado e esquecerem que eu continuo vivo como artista", comenta.
Segundo ele, sua produção está mais ativa que nunca. "Nos últimos dois anos me dediquei exclusivamente à pintura, o que fez com que a minha produção aumentasse muito".
A exposição que abre hoje, segundo ele, é vistosa. O tratamento sutil das cores permanece. A textura densa, marca registrada de sua obra, também está presente em todos os quadros.
Para obtê-la, há décadas Velloso utiliza técnicas mistas. Colagens com rendas descaracterizadas, por exemplo, garantem uma textura diferenciada. "Com isso conseguimos transmitir melhor a sensibilidade, que é o objetivo da pintura", afirma. "Pintar é tornar sensível uma superfície que se limitou".
Sem modificações violentas de estilo, Velloso pretende com a mostra atual dar sequência ao trabalho apresentado em sua última exposição individual, que ocupou uma sala especial do Salão Paranaense de 1998. "Nunca fui de dar saltos ou ter mudanças abruptas em minha trajetória", finaliza.
Um dos artistas mais inquietos de sua geração, Velloso tem um passado de manifestações e protestos. É tido como um dos responsáveis pela modernização das artes no Estado.
Cansado da visão clássica das artes plásticas em Curitiba, ele e um grupo de jovens artistas promoveram o Movimento de Renovação em pleno Salão Paranaense de 1957 e conseguiram a criação do Salão dos Pré-Julgados.
Antes disto, tinha estudado com Guido Viaro na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Em 1958, conquistou medalha de bronze no 15º Salão Paranaense e no 10º Salão de Artes Plásticas de Primavera. No início dos anos 60, como bolsista, passou uma temporada de estudos na Academia de André Lhote, em Paris.
Serviço: A exposição "Fernando Velloso e a Poética da Matéria" será aberta hoje, às 19 horas no Museu de Arte Contemporânea (Rua Desembargador Westphalen, 16) e poderá ser vista até o dia 16 de maio. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira das 10 às 19 horas e sábados e domingos das 10 às 16 horas. Maiores informações pelo fone 41-222-5172 e 323-5337.