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A verdade sobre as mentiras de José Roberto Torero

30 set 2001 às 19:36

O humor permanece. Quem imagina que vai conhecer o escritor e roteirista José Roberto Torero e encontrar um homem de humor refinado não está errado. Chegando a Londrina na última quarta-feira, foi logo destilando um pouco da ironia que apresentara em seus livros, filmes, roteiros, peças e crônicas.

Ele veio conversar com o público sobre sua obra a convite da Books Livraria e Locadora, que já trouxera Carlos Heitor Cony e pretende para o próximo ano consolidar na cidade um debate permanente sobre o universo literário - o projeto ''Londrina, Literatura & Cidadania''.


Torero pessoalmente é mais ou menos como o escritor. Sob a fala ponderada vai se desenvolvendo a ironia que tudo satiriza. Ele diz que aprendeu com o nosso mestre maior, Machado de Assis, sua principal influência ao criar ''O Chalaça''. E que cada um de seus livros segue um estilo dos autores que admira - ''Xadrez, truco e outras guerras'' segue Saramago, ''Os Vermes'' se assemelha ao estilo do americano Kurt Vunnegut Jr. (Cama de Gato) e ''Terra Papagalli'' está mais próximo de Laurence Sterne (A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristam Shandy), autor que Machado também admirava.


O cinema ele pretende abandonar, ''não se pode servir a dois senhores''. Mas está escrevendo três roteiros - o documentário ''Pelé'', de Aníbal Massaini Neto; histórias de amor que serão conduzidas por José Alvarenga, o diretor da série ''Os Normais''; e um documentário sobre a morte, ainda sem título.


A literatura parece ser a amante mais duradoura, já que nos próximos meses lança três livros, todos sobre futebol. ''As Cabeças de Bagre Também Merecem o Paraíso'', uma coletânea de 32 crônicas publicadas pela Folha de S.Paulo acrescida de 26 biografias de jogadores inventados, será o primeiro a sair do prelo, no próximo dia 19 de outubro, em Santos. Em 27 de novembro, é a vez do ''Dicionário Santista'', editado pela DBA, um registro em parte ficcional da história do Santos Futebol Clube. Em fevereiro de 2002, ''Futebol é Bom pra Cahorro'', editado pela Panda, uma história sobre as Copas do Mundo misturando o que ocorreu nos certames e o que suas personagens viveram. O próximo projeto ficcional deve envolver mais um tema histórico, o da abolição, mas não há muito de concreto ainda.


Em meio a tantos projetos, um grupo de teatro de Curitiba pediu no ano passado para encenar a peça ''Romeu e Julieta Segunda Parte'' (texto não publicado) e seu primeiro livro, ''O Chalaça'', deve virar minissérie nas mãos de Carlos Lombardi, mas sem data prevista para ser exibido na TV.


Em sua primeira visita a Londrina, Torero não gostou de ver tantos prédios no centro da cidade, e lembrou que sua única referência sobre a cidade eram as cores azul e branca do uniforme do Londrina Esporte Clube.

Leia a entrevista concedida a Rodrigo Souza Grota na Folha de Londrina/Folha do Paraná desta segunda


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