Na última quinta-feira, o rapper porto-riquenho Residente lançou o clipe da música "This Is Not America", ou isso não é a América, em que, além de dialogar com a música de Childish Gambino "This Is America", vê de forma crítica as políticas dos Estados Unidos do ponto de vista latino-americano, ainda com referências ao governo Jair Bolsonaro, indicando um desrespeito aos povos indígenas.
As irmãs gêmeas de características complementares – uma é afeita ao jazz e a outra, chegada ao hip-hop – desencadeia uma profusão sonora que carrega o cajón tradicional da cultura afro-cubana, elementos de estilos como jazz, pop e hip-hop e corais mântricos.
Elas são filhas do percussionista cubano Anga Díaz, que integrou o coletivo Buena Vista Social Club, e o nome do duo usa a palavra que significa "irmãos gêmeos" em iorubá.
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A influência do idioma falado por povos que migraram para Cuba e que também está presente na Bahia ficou evidente em um show da dupla em 2018, em São Paulo, com participação do rapper Emicida. "Mama Says", "River" e "Oya", do primeiro álbum do grupo, trazem coros nesse idioma.
Além disso, na mesma apresentação, elas trouxeram trabalhos como "Deathless" –com uma letra autobiográfica que lembra quando Lisa foi presa injustamente por um policial francês quando tinha 15 anos– e "No Man Is Big Enough for My Arms", que já foi apresentada com projeções de Michelle Obama ao fundo.
Essa última faixa ganhou contornos militantes ao incluir uma frase da ex-primeira-dama ("a medida de qualquer sociedade é como ela trata suas mulheres e meninas") ao retrucar comentários misóginos do presidente americano Donald Trump ("agarre as mulheres pela xoxota").
"É importante que as mulheres se sintam livres para falar e parar de se sentir envergonhadas por sofrerem abusos", disse a dupla em entrevista à Folha por email em 2018, quando questionadas sobre o movimento MeToo, contra casos de assédio sexual.
E apesar de "This Is Not America" ser uma canção frontalmente combativa, o tom geral das canções da dupla Ibeyi não carregam um tom pessimista. "Sentimos absolutamente a necessidade de ter esperanças e de dar esperança, caso contrário é melhor ficar em nossas camas e não fazer nada", dizem.
Para elas, há algo de comum entre todos, "de leste a oeste, do Sul ao Norte": "a necessidade de alegria, esperança, pertencimento, amor". "É o que buscamos em nossos shows, sentir a união e a força de cantar juntos e pertencer a algo."
"Não sabemos se artistas podem mudar o mundo, mas eles mudaram nossas vidas, nos deram força para seguir em frente", completam. "Arte é um grande espelho da humanidade. Esperamos poder inspirar outros a fazerem seus próprios sonhos se tornarem realidade".