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Vadeco e os Astronautas lançam o CD de estréia 'Oum'

12 ago 2006 às 17:55

Para o músico paranaense Vadeco — líder, compositor, vocalista e violonista da banda curitibana Vadeco e os Astronautas —, "Oum", título dado ao seu álbum de estréia tem diversos significados possíveis. "A palavra ‘oum’ representa o som do silêncio, o som universal", explica. "Também faz uma referência a ‘o um’, ou seja, o primeiro disco da banda, e tem relação com o código binário, base da revolução tecnológica que o mundo atravessa." Desde a criação do grupo, em 2000, somente algumas gravações demo foram lançadas, com o propósito modesto de apresentar as idéias da banda para o público.

Vadeco reuniu os Astronautas com o objetivo de produzir uma música sem fronteiras, algo que não tivesse compromisso algum com linhas estéticas e estilos musicais. A partir dessa proposta, elementos do rock, da MPB e da música brasileira de raiz passaram a ser livremente incorporados a suas composições, acompanhados por letras carregadas de intenções poéticas. Hoje, além dele, formam a banda os músicos Vina Lacerda (percussão), Jorge Falcón (guitarra), Leomaristi (baixo) e Leandro Teixeira (percussão). Companheiros de longa data.


Para Vadeco, a bagagem musical de cada integrante foi um fator determinante na construção da identidade do grupo. "Cada músico da banda tem uma ‘pegada’ diferente, gosta de um estilo musical diferente, e essa variedade de gostos ajudou a dar uma cara única ao nosso som", conta. "Não só os músicos com quem eu toco hoje, mas todos aqueles que já passaram pelo conjunto deixaram sua marca e seu estilo musical."


Não há bateria no Vadeco e os Astronautas. Todos os ritmos são criados pelo percussionista Vina Lacerda, irmão de Vadeco, que desmembra a bateria e lança mão de diversos outros instrumentos de percussão — zabumba, congas e caxixis, entre outros. Mas o violão de Vadeco é a grande marca registrada de Oum, presente em todas as suas faixas. Apesar de seu instrumento principal ser a guitarra e o rock representar grande influência em sua formação cultural, Vadeco optou pelo violão como base para as músicas desde as composições primordiais.


Repertório extenso
Apenas 13 canções de Vadeco foram gravadas em Oum. Entretanto, o músico possui cerca de 200 composições em seu repertório. Vadeco conta que não foi fácil escolher quais delas seriam gravadas. "Não há como criar um critério de seleção, pois se pudéssemos, gravaríamos todas", afirma. "Havia músicas que ‘precisavam’ ser gravadas, pois são o cartão de visitas de nossa banda, como a faixa ‘Serpentes’, e outras que, inéditas, também exigiam um registro."


A música de Vadeco e os Astronautas é uma mistura de sons orgânicos e sintéticos, na qual a percussão comanda toda a base rítmica e as cordas completam os arranjos. O disco foi finalizado no estúdio Trilhas Urbanas e masterizado por Dirceu Saggin. Oum ainda conta com algumas participações especiais, como a dos MCs Gralha e Mascote e do DJ Sonic, na faixa "Conectmetamorfosamente", e de Seu Valdemar Lacerda, pai de Vadeco, em "Febre".


Sobre a banda
A banda Vadeco e os Astronautas foi criada em 1999, por Luciano Cordoni e os irmãos paranaenses Vadeco e Vina Lacerda. Vadeco, líder do grupo, cresceu em um ambiente familiar musical, e freqüentemente acompanhava o pai — Seu Valdemar Lacerda, cantor e violonista — pelas rodas de samba de que participava. Aos sete anos, Vadeco já cantava no Teatro Cacilda Becker, em São Bernardo do Campo (SP), para onde haviam se mudado ainda na infância.


Adolescente no início dos anos 90, após se mudar para Curitiba, Vadeco percebeu que sua praia era o rock e, assim como boa parte dos roqueiros de sua idade, o heavy metal. Largou o violão — que estudava desde os seis anos — e iniciou uma bela carreira de guitarrista. Montou seus primeiros grupos, sempre ocupando o posto de integrante mais dedicado, o que, em geral, lhe rendia o status de band líder. No entanto, para sustentar tão boas condições, precisava trabalhar. Arrumou um emprego numa locadora de CDs, local ideal para aprimorar seus conhecimentos musicais e ainda garantir um troco.


Na locadora, Vadeco passou a conviver com vários músicos da cena noturna curitibana. Muito empenhado na prática da guitarra, foi convidado a participar de shows de diversas bandas da cidade. Envolveu-se com o reggae após tocar com a banda Makoto, da qual foi roadie por mais de um ano. Dedicou-se com afinco ao ritmo jamaicano, passando pelas bandas Dread Lock e Rasta Roots, até ser convidado, em 1997, pelo baterista Rodrigo Cerqueira para integrar o Skuba — até hoje, a mais bem-sucedida banda de ska do Brasil. Com o grupo, seguiu para São Paulo.


Após deixar a banda, em 1998, Vadeco voltou a Curitiba, onde passou pelos grupos Lunnes e Gun Jah — banda da qual Vina participava. Nessa época o grupo gravou um CD com produção de Amlak Taffari — baixista da banda do cantor Pato Banton — e de Vince Black — guitarrista do Black Uhuru. Nas gravações, Vadeco, principal compositor do Gun Jah, percebeu que poderia interpretar suas próprias canções. Assim, estreou nos vocais em apenas uma faixa — que, no entanto, seria o estopim para que começasse a cantar.


Em 1999, os irmãos Lacerda, ao lado do amigo Luciano Cordoni, criaram a banda Vadeco e os Astronautas, e estrearam ao vivo no ano seguinte, abrindo um show de Tom Zé, na Sociedade Vasco da Gama, em Curitiba. Ainda em 2000, Luciano viajou para os Estados Unidos, e o argentino Jorge Falcón assumiu os teclados dos Astronautas, introduzindo o sintetizador na banda.


No início de 2001, a banda participou, com a faixa "O Passageiro", da coletânea O Som do Sul, promovida pela revista Trip. A música fez parte — no mesmo ano — da trilha sonora composta por Vadeco para o filme O poeta, curta-metragem do diretor paranaense Paulo Munhoz.


Ainda nessa época, bem-relacionado com músicos dos mais diversos estilos, Vadeco tornou-se curador do primeiro festival Conexão, Informação, Integração no Teatro do Paiol, na capital paranaense. Durante sete dias, 14 bandas das mais variadas vertentes, da MPB ao hip-hop, se revezaram no palco do Era Só o Que Faltava. Um CD, com uma música de cada uma delas, foi produzido.


Depois disso, Vadeco foi convidado pelo poeta marginal e agitador cultural carioca Chacal para subir ao palco da edição curitibana do projeto Freezone, que reuniu artistas contemporâneos como Arnaldo Antunes, OAEOZ e Wandula. Chacal, criador do evento, afirmou certa vez que escolheu Vadeco "pelo vigor da novidade" que o artista representava.


Em 2002, a banda entrou em estúdio para a gravação de um EP de cinco músicas, com produção de Paulo Brandão e Antônio Saraiva, dupla que já havia trabalhando com artistas e grupos como Aquarela Carioca, Marianna Leporace e Beijo AA Força. Vadeco e os produtores decidiram mixar o disco no Rio de Janeiro, mas, devido a uma série de problemas, o material nunca pôde ser lançado.


Em seguida, Vadeco participou do espetáculo circense Circo com Ciência, com direção de Maurício Vogue, e de Palhaço, nova parceria com o poeta Chacal. Com o espetáculo de Vogue, Vadeco recebeu o prêmio Gralha Azul — principal premiação do teatro paranaense —, para o qual foi indicado mais duas vezes. Vadeco e os Astronautas criaram, posteriormente, a Quarta Cósmica, no Cine Música Bar, em Curitiba, local que já havia abrigado o mais tradicional cinema pornô da cidade. Todas as semanas, artistas de diversas mídias se apresentavam no local. Vadeco, nessa época, recebeu o prêmio Saul Trumpet de melhor cantor de MPB do Paraná.

Em 2004, o grupo seguiu para a Argentina, onde realizou três workshops e dois shows com grande sucesso na Escuela de Música de Buenos Aires. Após a viagem bem-sucedida, Vina e Vadeco criaram o estúdio Astrolábio, para realizar produções particulares da banda, onde começaram as gravações do seu disco de estréia, Oum.


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