A cantora lírica Solange Siquerolli, revelada no Festival de Música de Londrina, dirige uma montagem de ''ópera estúdio'', nesta sexta-feira, no Cine-Teatro Ouro Verde
Ela descobriu a vocação de cantora lírica no Festival de Música de Londrina. Depois, consagrou-se em cena atuando em diversas óperas de sucesso nacional. Agora, voltou à cidade natal para participar do FML, desta vez como professora de duas oficinas de canto. Solange Siquerolli não estará no palco hoje, do Cine-Teatro Ouro Verde, mas seus alunos mostrarão o que aprenderam ao longo de dez dias de atividades sob seu comando.
Eles se apresentam por último, numa noite dedicada a participantes de diversos cursos - Coros Infantil, Juvenil, Cênico, Canto e Cenas de Ópera. O programa começa às 19 horas. No último bloco, Solange dirige uma montagem de um espetáculo de ''ópera estúdio'', que consiste numa colagem de fragmentos de óperas. ''É como uma colcha de retalhos, na qual costuro trechos de 'Carmen', de Bizet; 'La Bohemia', de Puccini; 'L'Elisir D'Amore', de Donizetti; 'Rigoletto', de Verdi; e outras obras famosas'' - diz.
A apresentação terá acompanhamento da pianista romena Dana Radu. A cantora curitibana Denise Sartori, que também ministra um curso no evento, participa da montagem interpretando a ária de ''Sansão e Dalila'', do compositor Saint-Saens. Solange salienta que a ''vantagem'' da ópera estúdio é poder escolher trechos de acordo com as vozes disponíveis no grupo de cantores.
''Diferente de um espetáculo profissional, esse tipo de montagem não exige uma pré-seleção de vozes. O repertório é garimpado para se adequar ao que o elenco oferece. Trabalhei com um grupo que não contava, por exemplo, com o registro do baixo. Mas tinha barítonos, tenores, sopranos e mezzo-sopranos'' - conta. A aparente facilidade técnica teve como contraponto a escassez de tempo para os ensaios.
''Eles fizeram um milagre. Foram poucos dias, mas espero que o resultado seja satisfatório. O importante é que os alunos experimentem o prazer de estar em contato com o universo da ópera'' - ressalta ela. Solange lembra que participou outras vezes ao Festival, mas sempre na condição de aluna. Na primeira vez, em 1987, não conhecia nada de canto lírico até integrar o coro de uma montagem do gênero.
''Na época, só cantava em grupos amadores e tinha desejo de ser cantora de música popular. Graças ao Festival, descobri a ópera. Ele foi o meu ponto de partida'' - diz. Em 1991, ganhou uma bolsa de estudos e foi para Campinas estudar com a professora Niza de Castro Tank. Três anos depois, recebeu convite para cantar em São Paulo.
Daí em diante, conquistou vários prêmios, entre eles o de melhor intérprete de Verdi (com a ária ''Addio Del Passato'', da ópera La Traviata), melhor intérprete de canção brasileira (cantando Villa-Lobos) e primeiro lugar no Concurso Maria Callas de Canto (em São José dos Campos). Nos palcos, atuou sob regência de maestros consagrados como Isaac Karabtchevsky, David Machado, Aylton Escobar, Benito Juarez e Luiz Fernando Malheiro.
Na Itália, trabalhou com o maestro Francesco La Vecchia e na Argentina com Erns Mahle. Com o talento reconhecido, a cantora lamenta a escassez de montagens de ópera no Brasil. ''Em São Paulo, ainda existe algum movimento. Mas em Londrina e em 99% das cidades do interior, não há nada. E isso é muito triste, porque conheço muitas vozes maravilhosas, que estão sem oportunidades'' - completa.
Serviço:
- Apresentação de alunos do Festival dos cursos de Coro Infantil, Coro Juvenil, Coro Cênico, Cenas de Ópera e Canto. Hoje, às 19 horas, no Cine-Teatro Ouro Verde (Rua Maranhão, 85). Ingressos: R$ 6,00 (estudantes pagam meia-entrada). Ponto de venda: no local, a partir de 15 horas.
Fonte: Folha de Londrina