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Um navio musical chamado Brasil

03 jan 2008 às 17:28

Fala-se muito sobre a música brasileira. Bem e mal. Em paralelo, sua produção segue em larga escala. Apesar da declarada crise mundial da indústria fonográfica, as gravadoras (majors e independentes) não se cansam de lançar novos títulos de vozes já renomadas, e novas vozes de artistas incipientes.

Em 2007, os destaques dividiram-se entre relançamentos, projetos originais e, em alguns episódios, coroação no ranking ''entre os mais vendidos''. Neste último caso, vale apontar para a popularidade de Ivete Sangalo, cujo álbum ''Ivete Sangalo no Maracanã - Multishow Ao Vivo'' (Universal Music do Brasil) foi o mais comprado no ano, segundo dados da revista Sucesso!.


Mudando a seara, o polêmico Caetano Veloso lançou ao vivo o voraz ''Cê'', em CD e DVD, também pela marca Multishow, trabalho no qual o cantor e compositor mais se expôs sexualmente, cercado pelos arranjos intensos de baixo, bateria, guitarra e violão. Ao vivo, Caê dá vazão à sua veia tropicalista.


No quesito criatividade, a ''Orquestra Imperial'' (Som Livre) levou vantagem com o fabuloso disco ''Carnaval só Ano que Vem''. O grupo reúne 19 artistas-amigos (entre eles, Moreno Veloso, Wilson das Neves, Nina Becker, Thalma de Freitas e Rodrigo Amarante), que celebram a música com a harmoniosa combinação de gafieira, samba, jazz e bossa nova.


Elza Soares, senhora veterana com 47 anos de carreira, lançou o luminoso ''Beba-me Ao vivo'', seu primeiro DVD, um registro da Biscoito Fino em parceria com o Canal Brasil. Apesar do esquecimento da mídia, Elza deixa transparecer espontaneamente por que é considerada uma das maiores intérpretes do Brasil.


Ainda na cadência do samba, a novata Teresa Cristina, porta-estandarte da Lapa, definitivamente teve seu talento endossado. ''Delicada'' (EMI), com participação do Grupo Semente, revela sua linda voz e a habilidade em estabelecer boas parcerias.


Migrando para outra vertente da música brasileira, dizem que a influência dos Tribalistas ficou impressa no ex-Titãs Arnaldo Antunes. Em seu mais recente lançamento, o contraste entre os paradoxos aparece desde o título do DVD ''Ao Vivo no Estúdio'' (Biscoito Fino), até as filmagens em preto-e-branco. Os arranjos delicados e a voz suavizada de Antunes compartilham com as participações especiais de Nando Reis, Branco Mello, Edgard Scandurra, Marisa Monte e Carlinhos Brown. Excepcional!

Outro projeto que merece atenção foi encabeçado por Nelson Motta, quando elegeu a vocalista do Patu Fu, Fernanda Takai, para interpretar um repertório de Nara Leão. A semelhança entre a docilidade do timbre de ambas não anulou, em momento algum, a originalidade de ''Onde Brilhem Os Olhos Seus'' (Do Brasil Discos/Tratore). De onde estiver, Nara deve ter aplaudido.


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