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Ilha em transformação

Rolling Stones fazem show grátis de proporções inéditas em Cuba

Agência Estado
25 mar 2016 às 17:53

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- Divulgação
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Três dias depois do encerramento da histórica visita do presidente Barack Obama ao país, os cubanos se preparam para outro evento de proporções inéditas na ilha: o megashow da banda britânica Rolling Stones, ícones do rock, que, durante décadas, foi condenado pelo Partido Comunista como uma influência nefasta do imperialismo.

O cineasta Eduardo Del Llano, de 53 anos, estará entre as 500 mil pessoas esperadas no concerto desta sexta-feira (25) que será gratuito. "É mais uma porta que se abre em Cuba", disse Del Llano.

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Fã dos Stones desde os 15 anos, ele se lembra da dificuldade de acesso ao rock durante a sua adolescência. A música estava censurada em Cuba e era impossível comprar discos dos Stones e de outras bandas condenadas pelo governo. "Vez ou outra, ouvíamos que o pai de alguém havia voltado do exterior com um álbum e corríamos para copiá-lo em fitas cassetes."

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A venda legal de CDs de rock ainda é uma raridade em Cuba, mas é possível ter acesso a versões piratas de quase tudo em pequenas lojas, que se multiplicam no país. Além disso, a música antes banida, hoje é tocada em rádios e shows de artistas estrangeiros começam a ser mais frequentes no país.

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Há três semanas, centenas de milhares de jovens se reuniram na Tribuna Anti-Imperialista (que fica em frente da Embaixada dos Estados Unidos) para dançar ao som de música eletrônica apresentada por um DJ europeu. Como o dos Stones, o show foi gratuito. Atualmente, a economia é uma restrição maior que a política para a apresentação de bandas estrangeiras em Cuba, onde o salário médio é de US$ 20.


Luiz Manuel Molina é um dos primeiros roqueiros da ilha e começou a tocar nos anos 1970, quando esse estilo de música era proibido na ilha. "Na época, vivíamos em um mundo underground, com apresentações nas casas das pessoas e em festas privadas", lembrou Molina em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.

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A tolerância ao rock começou a se ampliar no fim dos anos 1980. Agora, Molina está em contagem regressiva para ver os Stones pela primeira vez em um cenário inimaginável em sua juventude: Havana. "Estou muito emocionado. A expectativa é que o concerto marque uma nova era artística em Cuba."


Com uma carreira dedicada ao registro de bandas de rock, a inglesa Jill Furmanovsky está em Cuba e assistirá ao show dos Stones. "Eles já fizeram de tudo e tocar em Cuba será algo histórico", afirmou Jill ao jornal O Estado de S.Paulo, depois de fazer uma projeção cronológica de seu trabalho desde os anos 1960 e apresentar 60 fotos dos Stones feitas por vários fotógrafos. Na plateia, cerca de cem cubanos, que exclamavam alguns nomes na medida em que as imagens eram mostradas na tela.

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Mas nem todos estão entusiasmados com os Rolling Stones. Gorki Águila, dissidente e integrante da banda de punk Pornô para Ricardo, acredita que o grupo não deveria ir a Cuba, em protesto contra o regime de partido único. Já que vão, ele gostaria de vê-los criticar o governo de Raúl Castro.


Águila passou dois anos na prisão na década passada e uma câmera vigia a entrada do prédio onde vive. Ainda assim, ele pretende estar na plateia desta sexta, 25, se a polícia deixar. "Sinto emoções contraditórias. Quero muito ver os Stones, mas também quero viver em um país onde haja liberdade", acrescentou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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