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Funk Como Le Gusta arrasta centenas ao Canal da Música

16 abr 2002 às 17:24

Só mesmo um grupo cheio de calor humano como o Funk Como Le Gusta para quebrar o clima de frieza do auditório principal do Canal da Música. O público curitibano pôde conferir no último sábado, dia 13 de abril, um autêntico show de funk, estilo presente inclusive no nome da banda. Não custa alertar que o funk de que falamos aqui é o ritmo negro cheio de suingue e balanço que consagrou artistas como James Brown e George Clinton, sem ter absolutamente nada a ver com o som mequetrefe das popozudas que criminosamente roubou para si o nome do estilo.

Se em sua primeira passagem pela capital paranaense, há quase um ano, o grupo não conseguiu arrastar muito público para o Moinho São Roque, desta vez eles "lavaram a égua". O auditório do Canal da Música estava com sua lotação mais do que esgotada. A organização alega que o local nunca esteve tão cheio. Todo o espaço estava ocupado, das cadeiras até os corredores, contabilizando cerca de mil pessoas. As cadeiras, aliás, poderiam ser dispensadas. Afinal, onde já se viu assistir a um show de funk sentado? Muita gente resolveu ficar de pé, dançando sobre os assentos, obrigado quem estava sentado nos bancos de trás a se levantar também para poder asisitir ao show. Foi divertido ver aquela "baderna" tomando conta do ambiente formal do auditório, que se transformou em uma grande pista de dança.


Com um atraso de 40 minutos, a numerosa banda entrou no palco. Ao todo, são 12 músicos, contando com dois guitarristas, dois percussionistas, um baixista, um baterista, um tecladista e naipe de metais com cinco músicos. Todos uniformizados com roupas de carvoeiros em tom laranja. As referências a este tipo de trabalhador braçal não páram por aí. A música "16 Toneladas" (que tornou-se mais conhecida nacionalmente após figurar como tema do programa "Casa dos Artistas 2") é baseada em "Sixteen Tons", uma canção folk de Merle Travis, que foi o hino dos carvoeiros norte-americanos, que a cantavam durante o serviço.


Esta foi tocada estrategicamente na segunda metade do show, que trouxe muitas músicas novas. Quem já gostava do repertório do primeiro CD, "Roda de Samba", ficou surpreso com as novas composições, que estão com a parte instrumental mais forte e encorpada. Esta é uma conseqüência da saída da vocalista Paula Lima, que deixou o grupo para trilhar carreira solo. Em vez de procurarem uma substituta, decidiram valorizar mais o lado instrumental. Nem por isso as letras das músicas de seu disco foram descartadas. Os músicos negros da banda se revezam nos vocais, cantando e dançando à frente do palco, lembrando os velhos grupos de black music. Mas nenhum deles tem muito destaque. Apesar de fazerem um ótimo show, o FCLG sofre do mesmo mal da Nação Zumbi, outra big band nacional: a falta de um líder carismático.


Após mais de uma hora de show, a banda se despede do palco. O público, ainda animadíssimo e com vontade de dançar mais, grita pelo bis. De repente, surgem do meio da platéia dois dos integrantes munidos de tambores, caminhando no meio do público tocando seus instrumentos de forma hipnotizante. Em meio à escuridão que tomou conta do lugar, os músicos usavam capacetes com lanternas na frente (de novo, a referência aos carvoeiros). Após incursionar pelo público que delirava com a batucada no escuro, eles se dirigem ao palco, onde toda a banda os esperava para duas músicas de despedida.

Terminada a apresentação, seguiu-se uma longa espera para que a equipe técnica desmontasse o palco do FCLG para a entrada da banda curitibana Turbo Funk, que devia ter aberto a noite, mas foi jogada para o final. "Coisas do showbusiness", justificou o vocalista Otto Nascarelli. Apenas 10% do público ficou para prestigiar a apresentação dos paranaenses, que foi bem curta devido a uma pane em uma caixa de som, que provocava ruídos que comprometiam a apresentação. Acabaram tocando apenas 20 minutos, terminando o show mais cedo devido a estes problemas técnicos. Foi chato presenciar esta falta de respeito para com um artista local. Visivelmente mal humorado, o vocalista deixa o palco soltando farpas para todos os lados.


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