A influência da música nordestina veio da casa de Zumba, vocalista e letrista da banda Etnia. Os avós vieram de Pernambuco e trouxeram de lá toda uma cultura. "Aprendi a tocar triângulo desde criança, sempre tinha forró em casa. O arrasta-pé durava a noite toda", conta Zumba, que também teve a oportunidade de conhecer nomes como Jackson do Pandeiro e Gordurinha, através dos discos antigos de seu pai.
Criada em 1999, a banda Etnia lança "Partículas de Lama", um CD totalmente independente, sem apoio de nenhum patrocínio ou lei de incentivo. Um som dançante, com o balanço do maracatu misturado com reggae, rock, baião, forró, hip-hop e metal. "É um maracatu urbano com guitarras psicodélicas", busca definir o baterista Jean.
As maiores influências estão em nomes como Nação Zumbi, Mundo Livre e Chico Science, mas o vocalista Zumba conta que não procuram copiar ninguém. "Chico Science fundou um estilo de som, que é o mangue beat. Ele criou o ritmo, e não é porque você faz o mesmo estilo que você está copiando alguém", argumenta Zumba.
A última faixa do CD traz à tona a cultura pernambucana. A música foi gravada ao vivo e traz um ritmo próximo do axé, mas com uma pitada de baião. O nome da canção é "Acalunga", uma boneca que leva uma mensagem de paz e axé a todos. "Ela faz parte de um ritual realizado em Pernambuco, que reúne mais de 150 pessoas tocando tambores nas ruas", conta Zumba.
O CD "Partículas de Lama", que terá seu show de lançamento no Bar Armazém no mês de janeiro, recebeu este nome numa referência a corrupção e a política. "Zunido", uma das seis músicas do disco, faz uma crítica à indústria cultural. "Fique atento com os picaretas da música. Música fraca, informação barata, tentando nos controlar", diz a letra.
A banda Etnia é formada por Zumba (guitarra e vocal), Jean (bateria), Bactéria (baixo), Alisson (percussão), Ronildo (percussão) e Neguinho (percussão). A partir de 2002, o CD do grupo poderá ser comprado no Bar Armazém ou nos shows da banda.