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Criolo faz show em Londres e puxa o coro "Fora Cunha"; confira

28 abr 2016 às 10:05

Criolo está em turnê por Londres, Reino Unido, e no último domingo (24) se apresentou em uma das casas de shows mais tradicionais do país, a 'Koko London', que foi decorada com faixas que criticavam e pediam a saída de Cunha do governo. Durante a noite, o rapper deixou bem claro sua posição sobre o impeachment e puxou um coro "Fora Cunha". Além de citar várias vezes a necessidade de união dos povos, fez duras críticas ao presidente da Câmara dos Deputados e afirmou que o processo de impeachment é golpe. Para o cantor, a arma de resistência da população é a união na luta contra o processo.

Em entrevista à BBC Brasil , ele explicou que a situação do país é culpa do egoísmo de políticos como Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "O que acontece hoje é que algumas pessoas extremamente inteligentes têm em suas mãos um regimento e sabem mexer com esse regimento. Sabem cada espaço, cada fresta, e ali vão criando seu império. E são capazes de tudo para proteger seus interesses, até parar o país e fazer com que as pessoas se matem na rua", disse.


Ele também falou sobre a cobertura da mídia dentro da política. "A gente fala que a mídia manipula, mas quem manipula a mídia que manipula a gente? Vamos falar de impeachment, mas (qual) o porquê real desse impeachment e de todas as pessoas que estão gritando contra a corrupção? O que andaram fazendo e agora vêm com essa?", explicou.


A Operação Lava Jato também foi lembrada. "Não concordo (com o impeachment de Dilma Rousseff). Se fosse pelos motivos certos, sim. A questão não é limpar o país da corrupção. Parece que descobriram que só há corrupção agora. Mas o presidente da Câmara é o primeiro parlamentar citado na Lava Jato", afirmou.


Nos últimos cinco anos, Criolo carrega na bagagem ao menos seis shows internacionais e sua marca é a liberdade de expressão. Os temas abordados por ele sempre causam polêmica, como sua infância e visão sobre a sociedade.


Para o rapper, o clima de ódio vivenciado hoje só foi "criado e alimentado porque existe uma elite", e quem paga o preço pela corrupção são os mais vulneráveis. "É muito louco isso, porque foi criado um ambiente de ódio, de rancor, tão absurdo que as pessoas passam por cima e parece que não estão vendo uma construção de fortalecimento, que algumas pessoas sugerem, de homofobia, xenofobia, racismo, de achar normal esse abismo social que a gente vive", explicou.


Reprodução


"Cada corrupto que se dá bem é um moleque da minha quebrada que é assassinado, que se envolve com o que não tem que se envolver (…) Quando morre um, ninguém está lá com a mãe, descendo o caixão para a vala. O Cunha não está lá descendo o caixão para a vala", disse ele.


Kleber Cavalcante Gomes é o nome de batismo de Criolo. Filho de imigrantes nordestinos, hoje é um dos artistas da nova geração mais aclamados pela crítica no Brasil. Desde o álbum 'Nó na Orelha' (2011), deixou o gueto do rap paulistano e multiplicou o alcance de sua música formando parcerias, com a baiana Ivete Sangalo, por exemplo.


"De onde venho, essa mensagem é urgente todos os dias para quem não enxerga que tem gente vivendo nas bordas", completou.


Mas, mesmo com a situação turbulenta do país, o rapper aparenta não perder o otimismo. "Tenho muita fé nessa geração monstra que está vindo aí, cara... Então essa fé no ser humano, essa fé nas coisas boas, essa fé em quem quer de verdade algo bom, isso não pode morrer, cara, isso tem que ser fortalecido a cada momento", falou referindo-se à valorização dos professores e da educação.


Criolo encerrou a apresentação incentivando todos a respeitarem a singularidade e os direitos básicos conquistados no Brasil: "Cada um de vocês é um ponto de luz, se abracem, façam amor. Não vamos abrir mão dos direitos que tanto lutamos. É necessário, é urgente e é agora", clamou se despedindo do público. (Com informações da BBC)

Confira parte do discurso:


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