Olho para o relógio e tenho a certeza do atraso. Realmente é difícil organizar um show com dez bandas no mesmo dia e local. Arrumar o som para um banda tocar já é complicado. Mas o tempo não tira o valor de uma reunião tão importante. O show marcou o lançamento de uma coletânea que diz muito sobre a produção musical da Londrina deste início de século. Olho o cardápio do bar Todas as Tribos enquanto espero por uma bebida no balcão. Leio e copio uma frase que parece dizer muito para o momento.
"A arte nada tem a ver com a medida, aprendizados ou padrões. Ela tem apenas a missão de confessar as visões e esperanças, as inquietudes e de descanso que temos e somos. Ela é apenas o exercitar da nossa vasta e infinita alma". O pensamento é de Martha F., não tenho maiores informações sobre ela, mas tive a certeza que iria participar de um show com músicas feitas com amor, e a alma de cada um dos artistas presentes na festa.
A abertura de mais de seis horas de música ficou por conta do idealizador do projeto, Henrique Bittencourt. Entre agradecimentos e críticas, o anúncio da primeira atração da noite. O show começa com o baterista Eduardo Batistella, numa excelente performance solo. Batistella apresentou a música "DNA (Dissipação da Neurose Acumulada)", composta por ele e por Guto Caminhoto.
Na sequência Fernando Londrina sobe ao palco. Ao seu lado os músicos Mauro Albert (guitarra), Ricardo Penha (baixo) e Eduardo Batistella (bateria). Fernando mostrou toda sua poesia embalada pelo ritmo do rock. O músico e poeta ocupa duas faixas CD "Pra Fora da Garagem", "Sarau do S" e "Pedrada".
A terceira atração da noite foi o cantor Marquinhos Diet e a banda Cozinha Boca de Caçapa, formada pelos músicos Fernando "Badaró" (baixo), Alexandre Malagutti (percussão), José Roberto (bateria) e Fernando Gouveia (guitarra). O grupo participa da coletânea com as músicas "Lagartas" e "Autocríticas", esta última numa parceria de Maquinhos com o jornalista Paulo Briguet.
Depois foi a vez de Giu Montes Claros e a banda Quiçaça. Vários convidados subirem ao palco para apresentar as composições "Fora da Realidade" e "Medo da Solidão", faixas 1 e 12 da coletânea. As músicas de Giu Montes Claros seguram o clima de MPB do show, iniciado com Marquinhos Diet, e que teve sequência com Neuza Pinheiro. A cantora participa da coletânea com as músicas "Araponga" e "Lemúria". No show e no disco, Neuza Pinheiro cantou ao lado de Luciano Galbiati (bateria), Ângelo Galbiati (guitarra) e Valdir de Castro (baixo).
O rock’n roll londrinense começou a dar as caras no show com a subida ao palco da banda Vellotrol V8 Supersônico, que participa do CD com as músicas "Monstro" e "Contas no Fim do Mês". O grupo mistura o rock básico, com o experimentalismo da programação por computador. O show do Vellotrol também serviu de aquecimento para Guilherme Paccola (bateria).
O músico também comanda as baquetas da banda Vermes do Limbo, que traz Vinícius "Cebola" (baixo e voz) e Pedro Potumati (guitarra). O som dos Vermes é o rock caipira e bruto, com grande peso e distorção na guitarra e no baixo, e uma bateria bem marcada. As músicas que fazem parte da coletânea, e foram apresentadas no Todas as Tribos são os instrumentais "Gavieba Bebum" e "Bombas Inteligentes que Matam".
Desta vez quem ficou no palco foi o guitarrista Pedro Potumati, que também toca com a banda Espíritos Zombeteiros. O grupo traz mais dois membros da família Potumati, Mateus (bateria) e Gustavo (baixo), que tocava na extinta banda Madera, e agora entra para os Espíritos. Além de Gugão (vocal). No CD eles participam com a balada "O Espelho", mas no show o que predominou foi o rock independente com influência psicodélica.
A mistura de punk rock e surf music do grupo Os Picaretas manteve a animação da galera, que a esta hora já tinha abandonado a muito tempo as cadeiras e se dirigido para perto do palco. O grupo participa da coletânea com as músicas "Sexo, Drogas e Confusão (S.D.C.)" e "O Som da Montanha". No show o grupo também tocou algumas músicas que vão estar no próximo disco da banda, "Rock Verdade".
O encerramento da festa ficou por conta da banda Coiotes Valvulados, o grupo participa do "Pra Fora da Garagem - sons de fé, amor, devoção, loucura e hits" com as músicas "Dentro da Cabeça do Homem" e "Maverick Envenenado". Eles tocam o que eles próprios chamam de blues progressivo, com influência de várias vertentes da música como jazz, rock e funk. Participam da banda os músicos Oswaldo Filho (voz e gaita), Alexandre Vilas Boas (baixo), Rodrigo Serra (bateria) e Marco Tureta (guitarra).
Serviço:
Mais informações sobre a coletânea e as bandas podem ser encontradas no site do projeto: http://www.praforadagaragem.com.br