Famoso pelo cancioneiro de protesto contra a ditadura militar, o cantor e compositor Geraldo Vandré, de 88 anos, acabou se aproximando dos militares ao longo dos anos. O artista passou a frequentar quartéis e se tornou fiel amigo e admirador das Forças Armadas.
Ele abandonou os palcos e renunciou à carreira artística depois de retornar para o Brasil em 1973, após cinco anos de exílio. Desde então foi envolvido em uma nuvem de mistério e curiosidade sobre os motivos de sua radical mudança de comportamento.
Diziam que na sua volta ele havia sido torturado pela ditadura para trocar de lado, sofrido lavagem cerebral para deixar para trás o cancioneiro de protesto e se orientar para assuntos mais líricos e distantes da realidade e da política.
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Ele negou a tortura, mas nunca explicou a sua conversão de bardo subversivo, autor da clássica "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores", em admirador das Forças Armadas, em especial da Força Aérea Brasileira, a FAB, para a qual compôs a música "Fabiana".
Em 1982 fez uma apresentação no Paraguai a convite da Itaipu Binacional vestindo roupas militares e coturno.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o artista disse que a aproximação começou quando ele pretendia tirar um brevê e fez um exame de saúde no Hospital da Aeronáutica. "Fui para isso e terminei fazendo amizades com o pessoal do hospital e frequentando rotineiramente o local", afirma. Acabou nunca tirando o documento.