Sendo James Bond uma das principais referências que o criador, roteirista, produtor e diretor Bruce Geller usou para criar a série televisiva “Mission: Impossible” (Rede CBS,1966-1973), é lógico que a franquia-estrela da Paramount, controlada do início ao fim por Tom Cruise desde sua primeira entrega, terminou se tornando, filme após filme, missão após missão, o melhor Bond das últimas três décadas. E não porque Ethan Hunt seja uma mera transcrição do celebrado agente 007, mas porque o produtor Cruise conseguiu ver e extrair do personagem criado por Ian Fleming sua substância mais cobiçada.
A saber: que os maníacos de plantão e seus planos mirabolantes de dominar o mundo nada mais são do que um pretexto para falar do difícil e complexo equilíbrio de poderes entre uma grande potência decadente (os EUA no caso de “Missão Impossível”, a Inglaterra pós-colonial nos domínios de Bond) e os aspirantes a sucedê-lo no trono. Ou explodir todos os tronos, como profetizou com genialidade o Coringa/Heath Ledger na trilogia de Batman dirigida por Christopher Nolan.
Nesta crônica de uma morte anunciada, a do fim da política de quarteirão (assunto que, lembrem-se, já estava no ótimo filme inicial da franquia MI, de Brian de Palma, 1996), “Missão Impossível: Acerto de Contas, Parte 1” se apresenta como primeiro capítulo de um ambicioso díptico que constrói com precisão várias pontes com o filme de De Palma.
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