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Uns Caetanos do Tao do Trio

Luiz Cláudio Oliveira
02 mai 2001 às 11:36

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Recentemente, no Brasil e também no mundo, quando a gente recebe um CD com um grupo feminino, é bem mais fácil elogiar outros atributos físicos das artistas que não o poder de suas cordas vocais. Seria difícil até prestar atenção em alguns desses grupos não fossem as bundinhas e os peitinhos (nada contra eles) de suas componentes.

Felizmente, aparecem de vez em quando grupos femininos que além de seus atributos físicos têm também a arte para mostrar. É o que acontece com O Tao do Trio, grupo curitibano que lançou pela gravadora Cid o CD "Uns Caetanos".

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O CD, como o próprio nome já explica, é todo dedicado a composições de Caetano Veloso. Por ele desfilam canções mais ou menos conhecidas do superconhecido compositor e cantor baiano. "O Quereres" une-se a "Uns", "Pipoca Moderna" a "Trilhos Urbanos", "Gema" a "Jeito de Corpo", e "Eu te Amo" a "Sete Mil Vezes". E estão sozinhas as canções " Dom de Iludir", "Baby", "Lindeza", "Linha do Equador", "Você É Linda", "Gênesis", "Louco Por Você", "Mãe", "Genipapo Absoluto" e "Cinema Novo".

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Como se vê é um belo e amplo apanhado da produção de Caetano. Foi feito para as vozes de Helena Bel, Cristina Lemos e Suzie Franco, com arranjos precisos e criativos de Vicente Ribeiro. Na verdade, pode-se dizer que Ribeiro é o quarto do Tao do Trio, como se fosse um Dartagnan esgrimindo com a batuta e a pauta, comandando o trio de mosqueteiras vocais.

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O grande acerto de Vicente Ribeiro é não inventar muito e deixar as artistas livres para cantar sem arranjos mirabolantes, buscando sempre o melhor de cada uma. O erro talvez tenha sido o de acabar com o instrumental das artistas, permitindo-lhes apenas a voz. Seria interessante ouvir também o violino de Bel, pelo menos. Mas isso não compromete em nada o trabalho, é apenas uma opção.


As três são acompanhadas por alguns dos principais artistas da música instrumental do Paraná, como Glauco Solter (baixo), Mario Conde (violão e guitarra), Endrigo Bettega (bateria e percussão), Sérgio Albach (clarinete), Romildo Weingertner (cellos), Ricardo Ô Rosinha (percussão) e o próprio Vicente Ribeiro (piano, violão e cavaquinho), entre outros.
Os arranjos de vozes são límpidos, claros feito água, mas não simplistas. Conseguem ter nuances que se vão notando ao repetir a audição. As intervenções, tanto instrumentais quanto vocais são sutis e bastante belas.

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O disco sustenta-se tanto em uma ouvida rápida, durante afazeres domésticos ou acompanhando a leitura de um jornal. Como também passa no crivo de uma audição mais detalhada, com atenção total.
Os destaques são para "Dom de Iludir", com a voz delicada e sutil de Helena Bel a fazer um dueto com Sérgio Albach e seu clarinete. A música começa quase como uma seresta e se transforma num abolerado numa transposição insidiosa, quase desapercebida, como de resto em tudo o mais no disco.


Na seqüência vem "Pipoca Moderna", com as três cantando sem acompanhamento musical, à capela. Mais uma vez, o arranjo vocal é simples e belo. Também simples e belo é o arranjo de cordas em "Lindeza". A voz de mel de Helena Bel volta solo em "Você É Linda", novamente com a participação do clarinete de Sérgio Albach e as intervenções vocais precisas.

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A não tão conhecida "Gênesis" ganha arranjo de voz, cordas e percussão que vai num crescendo-animando-contagiante. "Eu te Amo" une-se a "Sete Mil Vezes" como se fosse uma só música de primeira e segunda parte, com o Tao do Trio acompanhado apenas pelo piano de Vicente Ribeiro.


O clima despojado e belo é retomado na 12ª faixa, "Mãe", na qual o trio se reveza nas vozes solo com o acompanhamento de piano e cello. Logo em seguida volta o sempre atencioso que tanto chama a atenção quanto dedica sua atenção à música - clarinete de Sérgio Albach, desta vez com a voz solo de Suzie Franco.


O grande final vem com a música "Cinema Novo", homenagem de Caetano ao cinema brasileiro que é um verdadeiro quebra-cabeças de citações cinematográficas na letra, de difícil interpretação, mas que o Tao do Trio passa na prova com louvor, dando um final merecido a um disco que praticamente não tem notas baixas.

Vale a pena conhecer esta produção. Se for difícil encontrar na sua cidade, entre em contato com o grupo pelo e-mail [email protected] .Vale a pena!


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