Ao completar 80 anos, nesta quarta-feira (10), Londrina se projeta para o futuro, rumo a novos desafios, mas sempre com as bases fortes e fincadas em seu passado de glórias e lutas, de grandes feitos e superação.
Em homenagem a essa história, ainda em construção, a FOLHA publicou nos últimos oito domingos, um especial com a Linha do Tempo da cidade, para relembrarmos sua origem.
E hoje, você pode conferir o vídeopoema produzido pela equipe de fotografia da FOLHA para celebrar o Agora de uma terra recheada de belas imagens e mensagens.
Confira:
Imagens e edição: Gustavo Carneiro e Sérgio Ranalli
Texto e narração: Lucio Flavio Moura
LONDRINA 80 ANOS
Dizem que foi feita para plantar café.
Dizem que adubaram tudo com a fé em existir, com a fé em ser, com a coragem de vencer.
Dizem que a colheita abençoada de tanta esperança encheu todos os vazios.
A colheita deixou a vida - plena de sangue e suor – ainda mais plena - de mistura e de ambição.
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Dizem que foi feita para plantar café.
Mas que de tanto se plantar café, o que se plantou foram gentes, de todos os mundos, de todas as vertentes.
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E se plantou gente com mudas de tantos lugares, que um dia duvidaram: a lavoura murcharia, sem lei e sem lares.
Mas a lavoura humana, ora coberta por um inigualável azul, ora saciada pela chuva mais refrescante, foi ficando cada dia mais bonita, no norte e no sul.
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Dizem que foi feita para plantar café, mas a plantação de gente que se esparramou por estas terras do lado de cá do Tibagi, gente feita de emoção, mais fértil que o solo gentil, gente que fez mais gente, que fez mais gente, que fez uma certeza, uma convicção.
A plantação de café e de gente era uma coisa só, não havia mais distinção.
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Enquanto uma carregasse, a outra se agigantava.
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Na metade da história, a separação.
A plantação de gente chorou gelo quando amanheceu um não. Dizem que foi feita para plantar café mas não havia mais café.
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A lavoura de gente parou de chorar gelo porque o gelo derreteu e, com a integridade dos resistentes e com a resistência dos íntegros, foi à luta.
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E a riqueza de um só nome, agora tinha muito nomes e sobrenomes. E se plantou prédios e se plantou universidades, se plantou clínicas e uma nova mentalidade. Se plantou ciência e muita habilidade. Se plantou uma alma crítica, com muita vontade.
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Dizem que foi feita para plantar café. Mas hoje se planta tanta coisa, já se planta tanta memória, até se planta a saudade do café.
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Londrina, 80 anos, a plantação de gente, a plantação de fé.