A quadra da escola transforma-se num palco onde bailarinos desenham movimentos e espalham brilho para o encantamento de crianças, pais, professores e funcionários. Pessoas que, em muitos casos, nunca tiveram oportunidade de entrar num teatro. Mas o artista, por ofício ou prazer, sempre vai onde o público está. E lá eles estão. A partir desta quarta-feira (22), cinco instituições de ensino municipais de diversas regiões de Londrina abrem as portas para receber a dança clássica e contemporânea da Funcart.
Trata-se do projeto "Dança nas Escolas" que, desde 2007, envolve a comunidade escolar num programa de atividades artísticas e formativas que tem como objetivo despertar os estudantes para os caminhos da arte e selecionar bolsistas para a EMD. A abertura da programação, que se estende até o mês de setembro, acontece na quarta (22), quando a Escola Suely Ideriha, no bairro Aeroporto, recebe os jovens artistas às 11 e às 14 horas.
"Levamos o ballet clássico e também o contemporâneo para que as crianças possam perceber a diferença entre as duas linguagens e as imensas possibilidades em arte", explica Patrícia Proscêncio, coordenadora do projeto desde 2009.
Este ano, serão apresentados o pas-de-trois de "O Lago dos Cisnes", a suite do ballet "Dom Quixote" e três montagens do Ballezinho de Londrina: "Móbile - work in progress", coreografia que usa braços, mãos e dedos para formações geométricas; "HQ", uma homenagem aos criadores das histórias em quadrinhos; e "Túnel do Tempo", a mais recente concepção do grupo, uma viagem pelas influências das últimas décadas.
Segundo Patrícia, a reação dos estudantes ao verem os números é de fascínio. "Esse projeto sempre me emociona. A gente percebe o brilho nos olhos das crianças, muitas delas nunca foram ao teatro. Elas fazem silêncio, têm momentos de euforia, mas, assim que acaba, já saem reproduzindo os passos – alguns mostram para a gente que conseguem saltar, dar piruetas", diz a coordenadora.
Desde 2009, Patrícia propõe a abertura das instituições de ensino para que pais, familiares e toda a comunidade também assistam à programação do "Dança nas Escolas". Com a experiência dos primeiros anos, ela percebeu que a família é sempre uma importante aliada no incentivo e no desenvolvimento dos novos talentos.
Além da Escola Suely Ideriha, que abre a programação, o projeto será realizado em mais quatro instituições de ensino ao longo de 2013. No dia 26 de junho, será a vez da Escola Municipal Prof. Juliano Stinghen (no Conjunto Parigot de Souza II); em 21 de agosto, a Escola Municipal Prof. Leônidas Sobrinho Porto (no Jardim Leonor); em 4 de setembro, a Escola Municipal Arthur Thomas (no Centro); e encerra-se em 25 de setembro com a Escola Professora Ruth Lemos (no Conjunto Luiz de Sá). As apresentações acontecem sempre às 11 e às 14 horas.
A parceria entre a Funcart/EMD e as instituições de ensino tem apoio da Secretaria de Educação e Patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura.
Processo – O projeto "Dança nas Escolas" envolve quatro etapas. A primeira acontece um dia antes das apresentações, quando duas monitoras passam nas salas de aula levando aos estudantes conteúdos e informações sobre a arte do movimento. Explicam as diferenças das linguagens que serão vistas no dia seguinte, tocam em temas delicados como o preconceito contra meninos-bailarinos e falam sobre as possibilidades de profissionalização em dança.
De posse das informações, a comunidade escolar assiste aos números de ballet clássico e contemporâneo. A terceira etapa, mais longa, é realizada pelas duas monitoras ao longo de cinco dias, com jovens entre 7 e 12 anos – idade básica de ingresso no primeiro ano da Escola Municipal de Dança.
Neste período, elas realizam uma oficina de 30 a 40 minutos diários com exercícios de dança clássica, enfatizando flexibilidade, alongamento e postura, com base nos quais podem observar a habilidade dos estudantes. De acordo com Patrícia Proscêncio, o que os professores reparam não é propriamente a aptidão física. "Focamos o desenvolvimento da criança desde o primeiro até o quinto dia, sua evolução e a vontade em dar continuidade à prática", destaca.
Finalmente, numa quarta etapa, Patrícia acompanha as monitoras na última aula para avaliar os participantes e selecionar, dentre eles, os dez que receberão bolsa integral na EMD. A bolsa é concedida ao longo dos oito anos de formação em ballet clássico, desde que o jovem mantenha frequência e boas notas.
Além dos dez alunos, Patrícia faz uma lista com vinte outros nomes, que ficam em fila de espera. Isso porque é muito comum que posteriormente, após o contato com a família, alguns dos primeiros selecionados desistam da oportunidade por algum tipo de problema. Uma dificuldade frequente é o custo do transporte, o que acaba impedindo a continuidade de algumas crianças.
Outro trabalho que o "Dança nas Escolas" realiza é a preparação de professores das instituições de ensino para o uso da dança em diversos contextos, de forma interdisciplinar. Em fevereiro e abril deste ano, 140 profissionais de educação física da rede municipal participaram de curso teórico e prático com Patrícia Proscêncio. "A oficina traz ideias de como trabalhar a dança nas aulas de educação física, já que eles precisam incluir a atividade no curriculum da disciplina. A gente se apoia em três eixos – o fazer, o apreciar e o contextualizar", explica a coordenadora.
Serviço:
"Dança nas Escolas" – apresentações de ballet clássico e contemporâneo
- 22 de maio – 11 e 14 horas
Escola Suely Ideriha
R. Araras, 135 - Bairro Aeroporto
- 26 de junho – 11 e 14 horas
Escola Municipal Prof. Juliano Stinghen
R. Thomaz Pereira Machado, 338 – Conjunto Habitacional Parigot de Souza II
- 21 de agosto – 11 e 14 horas
Escola Municipal Prof. Leônida Sobrino Porto
R. Jequitibá, 226 - Jardim Leonor
- 4 de setembro – 11 e 14 horas
Escola Municipal Arthur Thomas
Rua Goiás, 544 - Centro
- 25 de setembro – 11 e 14 horas
Escola Municipal Professora Ruth Lemos
Rua Francisco de Assis F. Ruiz, 533 - Conjunto Habitacional Luiz de Sá