Em entrevista para o jornal argentino "Periodismo Para Todos", Woody Allen afirmou que ele deveria ser o rosto estampando os cartazes do movimento #MeToo, que tem exposto e denunciado diversos casos de abusos sexuais em Hollywood. Na entrevista que foi ao ar no domingo (3), o cineasta disse que ele é um "grande defensor" do #MeToo e, mais uma vez, negou as acusações de ter molestado Dylan Farrow, sua filha adotiva.
"É engraçado, eu deveria ser o garoto propaganda do movimento #MeToo porque eu trabalho no cinema há 50 anos, trabalhei com centenas de atrizes... e nenhuma delas, grandes, famosas, nunca, nunca, sugeriram nenhuma inconveniência da minha parte", disse o cineasta ao jornalista argentino Jorge Lanata, em Nova York.
"Eu sou, por princípio, e em espírito, completamente a favor de se fazer justiça nos casos de assediadores genuínos", disse Allen disse durante a entrevista à emissora argentina Channel 13. "Agora, se um inocente é varrido por isso tudo, isso é muito triste para a pessoa, é injusto. Mas, por outro lado, é uma coisa muito boa expor casos de assédio."
Farrow, filha de Allen, em 2014, reafirmou a acusação de que ele a molestou em 1992, quando ela tinha 7 anos. Allen, que há muitos anos nega as acusações, foi investigado, mas nunca denunciado. Farrow chegou a questionar por que o #MeToo não envolveu Woody Allen.
Mais cedo este ano, a atriz norte-americana Mira Sorvino fez um pedido público de desculpas para Farrow, dizendo que ela sentia muito por ter feito vistas grossas às acusações contra o cineasta - e disse que nunca mais atuaria em filmes dele.
Também em janeiro deste ano, Timothee Chalamet e Rebecca Hall, que trabalharam com Allen em "A rainy day in New York", doaram o cachê do filme para o Time's Up, um fundo de defesa legal subsidiado a mulheres e homens que foram sexualmente assediados, agredidos ou abusados em seu local de trabalho. Outros atores, como Colin Firth e Greta Gerwig disseram que não voltarão a trabalhar com o cineasta.