Drauzio Varella conheceu Hector Babenco em 1984, quando o diretor de cinema enfrentava um linfoma. O tumor maligno fez a relação médico-paciente evoluir para uma grande amizade. E relembrar o amigo ainda é doloroso para o oncologista. "O teto da felicidade, o nível da felicidade que você tinha fica um pouco mais baixo. Você não atinge mais aquele estado. Você não substitui um grande amigo por outro, mesmo que você tenha mais de 50", afirmou Varella.
Hector Babenco lutou mais de trinta anos contra o câncer, mas sofreu um enfarte em 2016 e não resistiu. "Foi uma relação que foi se montando. Ficamos íntimos cada vez mais e no fim nós éramos como irmãos mesmo porque ele teve um longo percurso com essa doença", disse o médico.
Babenco foi responsável por filmes como O Beijo da Mulher Aranha, Pixote, a lei do mais fraco e Carandiru, fruto do livro de Drauzio Varella.
O médico esteve no programa Conversa com Bial, da TV Globo, ao lado de Bárbara Paz, viúva do diretor. A atriz venceu o prêmio da crítica independente no Festival de Veneza pelo filme Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou. O longa será exibido durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Bárbara Paz também produziu um curta sobre Babenco. E contou com o depoimento de Drauzio Varella, que falou sobre a morte do amigo.
A atriz se emocionou ao falar do marido e lembrou como eles se conheceram: "conheci ele na Flip, no Festival de Literatura de Paraty. Ele contando histórias de que era figurante e que com 17 anos ele viajou o mundo, desbravando e fumando o charuto dele e tomando o vinho dele. Eu fiquei fascinada por aquele homem", disse.
Sobre o longa, ela afirmou que era um objetivo de vida. "É um filme que eu precisava retratar esse homem. Eu precisava congelar esse homem rapidamente, não só para mim, mas para todos e dessa forma com meu olhar", concluiu.