Artista de pulso empreendedor e atriz dedicada à profissão, Nicette Bruno morreu neste domingo (20), por complicações da Covid-19. Ela estava internada na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, desde 29 de novembro, dia em que sua filha, a também atriz Beth Goulart, pediu orações para a mãe. A morte foi confirmada por sua neta, Vanessa Goulart.
Por trás de sua longeva história no teatro e na televisão e da extensa galeria de personagens femininos que formou em mais de 70 anos de carreira, reside a mulher determinada que tão cedo, antes da maioridade, produziu peças e administrou companhias. Filha de artistas, Nicette Xavier Miessa nasceu em Niterói e estudou piano na infância. Com quatro anos, participou de um programa infantil de rádio, sua estreia. Entre seus primeiros papéis no teatro, ainda na fase amadora, está Julieta, protagonista da peça "Romeu e Julieta", de William Shakespeare.
Nicette considerava que o ingresso na vida profissional ocorrera na peça "A Filha de Iório" (1947), de Gabriel D'Annunzio, em montagem criada pela companhia da atriz Dulcina de Moraes (1908-1996), ícone do teatro brasileiro na década de 1940, mestra do ofício em um momento pré-modernização das artes cênicas. Aos 16 anos, Nicette tentou criar uma companhia de teatro no Rio de Janeiro.
Em seu empenho -muitas vezes, em entrevistas, ela falou sobre o episódio-, Nicette procurou o presidente Getúlio Vargas para pedir dinheiro. Frustrada com uma promessa não cumprida do governante, no início dos anos 1950, aos 17 anos, veio a São Paulo com a tarefa de administrar uma sala, o Teatro de Alumínio. Só então começou a formar a companhia Nicette Bruno e Seus Comediantes, que em 1953 migrou para sala vizinha com o nome Teatro Íntimo Nicette Bruno. Neste início de trajetória, a atriz entrou para a roda de profissionais traçando novos caminhos para o teatro nacional, com o diretor Antunes Filho e o ator Walmor Chagas entre eles.