Marília Mendonça, conhecida como a rainha da sofrência e uma das maiores vozes da música brasileira contemporânea, morreu aos 26 anos na tarde desta sexta-feira (5). A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais em nota enviada à imprensa.
Marília Mendonça foi uma das vítimas fatais de um acidente de avião que caiu numa serra em Piedade de Caratinga, cidade a 309 quilômetros de Belo Horizonte. A cantora tinha um show marcado para esta noite em Caratinga, a cerca de 12 quilômetros do local do acidente.
A assessoria de imprensa de Mendonça havia informado, no momento do acidente, que ela havia sido resgatada com vida. Por volta das 18h, no entanto, confirmou a morte.
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Também morreram o produtor da cantora, Henrique Ribeiro, e seu tio, Abicieli Silveira Dias Filho, além do piloto e do copiloto da aeronave, que não tiveram seus nomes revelados.
Segundo a Globonews, a aeronave que transportava a cantora e sua equipe estava com a documentação em dia, de acordo com a Anac, a Agência Nacional de Aviação Civil, e o Cenipa, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.
Equipes da Polícia Militar, da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros e do Samu, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, acompanham o resgate.
Por volta das 15h, a cantora havia publicado no Instagram um vídeo comemorando os shows que faria em Minas Gerais durante o fim de semana. A publicação mostra a cantora embarcando e se alimentando dentro da aeronave.
Marília Mendonça ficou conhecida como a principal voz do feminejo, uma vertente do sertanejo em que as mulheres são protagonistas, ao lado de Naiara Azevedo, Simone e Simaria e Maiara e Maraísa.
Nos últimos anos, Mendonça se tornou uma das cantoras mais ouvidas do país, dona de hits como "Infiel", "Todo Muno Vai Sofrer", "Ciumeira", "Bebi Liguei", "Supera" e "Graveto", entre outros.
A cantora começou a carreira há cerca de dez anos, ainda adolescente, como compositora, sendo gravada por gigantes do sertanejo como Jorge e Mateus e Henrique e Juliano.
Seu primeiro DVD saiu em 2015, revelando ao Brasil o hit "Infiel", que foi uma das músicas mais ouvidas de 2016. Dali em diante, sua popularidade só cresceu e, no ano seguinte, aos 22 anos, Mendonça se tornou a artista mais ouvida do país.
Mendonça cantava a traição e o sofrimento por amor do ponto de vista feminino. "Não ia adiantar passar por um sofrimento, ser traída ou trair, e cantar sobre o príncipe encantado", ela disse ao jornal Folha de S.Paulo em 2017.
"Infiel" foi inspirada por uma tia de Mendonça que havia sido traída pelo marido. Ao contrário do que era comum entre as mulheres do sertanejo, a cantora buscava cantar o que chamava de "realidade" dos relacionamentos -ou seja, não aqueles que deram certo, mas os que deram errado.
Uma das ideias de Mendonça era levar sua música a todo o país. Entre 2018 e 2019, ela gravou shows em gratuitos em praças públicas de todas as capitais do Brasil, reunindo centenas de milhares de pessoas. As gravações resultaram em seu quarto álbum ao vivo, "Todos os Cantos", puxado pelo hit "Ciumeira", faixa que tem uma das frases mais marcantes de suas músicas -"a verdade é que amante não quer ser amante".
Em outra música do álbum, "Bebaça", ela dividiu os microfones com a dupla Maiara e Maraísa, cantando sobre amigas que beberam demais numa noitada. As bebedeiras são temas recorrentes no sertanejo, mas historicamente nas músicas eram reservadas a eu-líricos masculinos.
"Supera", assim como "Bebaça", traz um diálogo entre amigas, e Mendonça se posiciona como uma conselheira. "Para você isso é amor, mas para ele isso não passa de um plano B/ ele está fazendo de tapete o seu coração/ promete pra mim que desta vez você vai falar 'não'/ de mulher pra mulher, supera."
Com Maiara e Maraísa, Mendonça comandou o projeto Patroas, um marco do feminejo, reunindo algumas das cantoras mais relevantes da vertente. O trio lançou um álbum em 2020 e recentemente havia acabado de anunciar uma turnê nacional para o pós-pandemia e um novo disco, chamado "Patroas 35%".
Em 2018, ela escreveu e gravou "Cuidando de Longe", faixa em que divide os vocais com Gal Costa, fã declarada da cantora. Além de duplas sertanejas como Simone e Simaria, Zé Neto e Cristiano e Jorge e Mateus, ela também gravou com diversos artistas de outros gêneros, como Ivete Sangalo, Tierry, Leo Santana, Xamã e Péricles, entre outros.
No ano pandêmico de 2020, Marília Mendonça teve a live mais assistida do planeta, superando o grupo coreano BTS e o tenor italiano Andrea Bocelli, além de sertanejos como Jorge e Mateus. Os números não surpreendem, já que Mendonça estava acostumada a colecionar centenas de milhões de visualizações em suas músicas e estar com frequência nas listas de mais tocadas do país.
Ao longo dos anos, Mendonça foi compondo menos e se dedicando mais ao canto, que ela também dominava com maestria. Sua voz é a mais marcante da música sertaneja nos últimos anos, além de uma das mais reconhecidas de toda a música brasileira contemporânea.
(Atualizada às 12h de 06/11/21)