Uma das principais apostas de medalha do Brasil nos Jogos de Tóquio-2020, o surfista bicampeão mundial Gabriel Medina, 27, fez uma reclamação sobre as regras de credenciamento do COB (Comitê Olímpico do Brasil) para o megaevento no Japão, com início marcado para 23 de julho.
Em entrevista à CNN, Medina criticou o fato de não poder levar como parte de sua equipe técnica a esposa, a modelo Yasmin Brunet, e citou os exemplos de outros surfistas da delegação brasileira, como Italo Ferreira e Tatiana Weston-Webb.
"O Italo [Ferreira] está levando um amigo que o ajuda, e comigo estão dificultando. Minha vida mudou, eu tinha outro coach, outra estrutura, duas pessoas que não trabalham mais comigo, e não me deram a confirmação se vou poder levar meu atual coach", disse à emissora.
O COB afirma que em maio a entidade e Medina acordaram que Andy King, australiano que atuou como técnico do atleta nas últimas etapas do circuito mundial (WSL), seria o oficial credenciado como seu treinador em Tóquio.
Essa vaga inicialmente seria ocupada por Charles Saldanha, padrasto –a quem Medina sempre chamou de pai– do surfista e seu treinador até a última temporada da WSL, disputada em 2019. A de 2020 foi cancelada por causa da pandemia. No fim do ano passado, Medina se casou com Brunet, que passou a viajar com ele nas etapas de 2021 do circuito. Charles deixou de acompanhar o atleta.
"Questionei também se posso levar a Yasmin, porque ela tem viajado comigo. Aí eles [COB] falaram que ela não tem nada a ver com o surfe, que ela não poderia ajudar a delegação. Mas e o marido da Tati? Ele surfa, participou do circuito mundial.
Estou só questionando por que eu não posso levar? São as pessoas que me ajudam. Não é porque é melhor, é porque são pessoas que estão no meu dia a dia. Acho certo eles levarem o time deles, só que eu não sei qual a dificuldade de eu levar o meu time. Eu vou ter que viajar sozinho? Por que só comigo, sabe?", completou.
O amigo indicado para o estafe por Italo Ferreira, que não possui um treinador fixo, trabalha como seu assistente, produzindo vídeos das performances que depois são analisadas por eles. Já o companheiro de Tatiana, Jesse Mendes, tem uma carreira consolidada no circuito mundial e disputou as etapas de elite em 2018 e 2019.
"De acordo com o regulamento dos Jogos Olímpicos, somente um profissional que esteja credenciado na lista larga pode substituir outro. Além disso, há uma limitação de credenciais para as delegações, e a política do COB é que os oficiais tenham funções estritamente técnicas. Em virtude desta limitação, cada atleta do surfe terá acompanhamento de um profissional da área técnica com experiência comprovada", afirmou o comitê em nota.
A entidade ressaltou ainda que não faz distinção entre atletas. "Necessariamente, o credenciado tem que ser um profissional que tenha ligação com a modalidade, e o COB seguiu expressamente este critério para a aprovação de qualquer credencial."
Abrir exceção para que Medina levasse alguém de sua família também poderia causar questionamentos, já que os outros quase 300 atletas do país classificados ao megaevento não poderão fazer o mesmo.
Por causa da pandemia, o público estrangeiro está proibido de entrar no Japão para os Jogos, e as entidades esportivas se viram obrigadas a fazer cortes em suas equipes. O COB, por exemplo, diminuiu a delegação em cerca de cem pessoas ao eliminar programas voltados para jovens atletas, além de restringir membros de sua diretoria e presidentes de confederações.
"No ano passado, o COB informou aos atletas de todas as modalidades sobre a existência do programa 'Familiares e Amigos', pelo qual o comitê daria todo o suporte para que os competidores pudessem receber as pessoas mais próximas na cidade sede dos Jogos, de forma a ter por perto todos aqueles que os ajudam no dia a dia, inclusive com ingressos para as competições e espaço específico do Time Brasil para encontros. Infelizmente, em decorrência da pandemia, o COB teve que cancelar este programa", encerra a entidade.