Britney Spears vai depor nesta quarta-feira (23) ao juiz de Los Angeles que supervisiona o controle de seus assuntos pessoais e profissionais, um arranjo cada vez mais polêmico de 13 anos durante os quais a estrela pop foi do colapso nervoso ao ressurgimento, mas depois voltou a se recolher.
O que ela dirá, e se seus fãs e a mídia o ouvirão, é objeto de especulações. A ex-sensação adolescente, hoje com 39 anos, não deve comparecer em pessoa, mas conversar com o juiz por teleconferência. A última vez que Britney o fez foi em maio de 2019, mas o tribunal foi fechado ao público e seu depoimento foi reservado.
Britney está sujeita a uma tutela desde 2008, quando teve um colapso. Um ano depois, ela lançou um disco novo e uma turnê mundial e trabalhou continuamente até o final de 2018. Os detalhes de sua saúde mental nunca foram revelados.
O status da cantora como ícone da cultura pop e o mistério que cerca sua saúde mental concentram a atenção na audiência desta quarta-feira.
"Ela era a queridinha da América... era um pedaço da tradição americana, e sua história e acompanhar seus problemas e sua ressurreição também é parte da história americana", disse Scott Rahn, advogado de Los Angeles especializado em assuntos ligados a trustes e tutelas.
No ano passado, Britney iniciou um processo para impedir que seu pai, Jamie Spears, 68, cuide de seus assuntos pessoais, que vão de seus cuidados médicos até as visitas que ela recebe em sua vila isolada nos arredores de Los Angeles. Ele também está a cargo das finanças da filha.
Segundo documentos confidenciais obtidos pelo New York Times, a cantora reclamou inúmeras vezes das restrições impostas pelo pai e questionou a aptidão dele para administrar a carreira dela.
De acordo com as informações do jornal americano, Britney reclamou na Justiça do controle que o pai impunha, escolhendo desde com quem ela namorava à cor dos armários da cozinha. "Ela afirmou que sente que a tutela se tornou uma ferramenta opressora e de controle sobre ela", escreveu um investigador em um relatório de 2016.
Ela também contou que o pai estava "obcecado" por ela e que não podia sequer fazer amigos sem a aprovação dele. Segundo ele, Britney disse que era "muito, muito" controlada pelos responsáveis e que gostaria de encerrar a tutela o mais rápido possível.
Ela afirmou ainda que, sob a tutela, ela vivia "com muito medo". Caso cometesse qualquer erro, as consequências eram "muito severas". Além disso, em 2019, ela disse ter sido forçada a se internar em uma instituição psiquiátrica. E também contou que tinha que se apresentar contra a própria vontade.
Mesmo assim, o relatório recomendou a continuidade da tutela. O documento, no entanto, falava em abrir caminho para a independência no futuro.
Britney também questionou a aptidão do pai para cuidar da carreira dela e da fortuna de US$ 60 milhões (quase R$ 300 milhões). Em 2014, o advogado dela apresentou uma lista de queixas a respeito dele, entre as quais a alegação de que ele tinha problemas com o álcool.
Os representantes do pai de Britney não quiseram comentar o assunto ao jornal.