Não depender de receitas e se virar na cozinha o com conhecimento de ingredientes, técnicas e o sabor dos alimentos é uma das ideias que norteiam a Escola Panelinha, a mais recente empreitada de Rita Lobo -que, como outros empresários e chefs conhecidos, fez sua estreia no mercado de cursos online na pandemia.
"Com a Escola Panelinha, estou conseguindo transformar de maneira ainda mais profunda a relação das pessoas com a comida. A pandemia da Covid-19 reforçou a importância de saber cozinhar. Cozinhar é a maneira mais eficiente de cada um combater um sistema alimentar que tem levado as pessoas a adoecer", diz Rita Lobo, em entrevista à reportagem.
Além da independência na cozinha, a alimentação saudável, outra bandeira antiga de Rita Lobo, também ajudou a dar cara ao projeto, uma plataforma de ensino a distância voltada à cozinha doméstica, desenvolvida em parceria com o Senac ao longo de dois anos.
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O curso de estreia, "Aprenda a temperar com ervas e especiarias" (R$ 420, com carga horária de 16 horas), é um exemplo. "É um tema que eu sei que é a origem de muitas inseguranças na cozinha. Os temperos industrializados são um ícone da indústria dos ultraprocessados. Tem gente que não vive sem um cubinho de caldo instantâneo ou um pozinho bem carregado de sal, açúcar, gordura e aditivos químicos", diz.
Veja a seguir entrevista com a autora e apresentadora, que tem mais de 20 anos de experiência no setor com o site Panelinha, programas de TV, canal no YouTube, podcast e 11 livros publicados.
Pergunta - Qual necessidade a escola veio atender?
Rita Lobo - Há mais de 20 anos ensino as pessoas a cozinhar. Posso dizer que o Panelinha já resolveu a alimentação de milhões de pessoas. A Escola Panelinha era uma demanda do público, que sempre me pediu para dar aulas e organizar cursos. E as pessoas tinham razão: nos cursos, eu pude aprofundar ainda mais os assuntos e consegui ajudar os alunos de um jeito que não é possível na TV ou nas redes sociais. É um formato diferente de tudo o que eu já fiz -e muito diferente dos cursos de videoaulas disponíveis no mercado. O primeiro curso da Escola Panelinha, "Aprenda a temperar com ervas e especiarias", foi lançado em novembro de 2020. Ele tem como objetivo ensinar as pessoas a temperar a comida do dia a dia com ingredientes naturais. Na sequência, lançamos também o "Pê-efe saudável: uma fórmula descomplicada para resolver a alimentação". No segundo semestre, vamos lançar mais três cursos. E ainda tem mais cursos novos no próximo ano.
Como foi a demanda por conhecimento na pandemia?
RL - Claro que as pessoas procuraram desesperadamente vídeos de receitas. Mas também me procuraram -e como!- para pedir orientação para pensar o cardápio, combinar os alimentos, planejar a semana, saber congelar... Não vou dizer que tenha sido fácil atender à demanda, mas é isso o que eu faço desde que criei o site: olhar para a alimentação e também para a rotina da casa. Veio muita gente nova, que nunca tinha entrado na cozinha. Nós demos conta de atender. E elas viram que dão conta de cozinhar e cuidar da própria alimentação, de ganhar autonomia na cozinha. Com a Escola Panelinha, estou conseguindo transformar de maneira ainda mais profunda a relação das pessoas com a comida. Seja de quem está começando ou de quem já tem alguma experiência. A pandemia da Covid-19 reforçou a importância de saber cozinhar. E eu vou ensinando... Cozinhar é a maneira mais eficiente de cada um combater um sistema alimentar que tem levado as pessoas a adoecer. Porque não dá para depender só de delivery e não tem saúde que aguente uma dieta à base de comida temperada na fábrica, só consumindo produtos ultraprocessados. Nesse cenário, podemos dizer que aprender a cozinhar é um dos melhores investimentos que você pode fazer pela sua saúde.
O que as pessoas estão buscando aprender?
RL - As pessoas querem soluções para os principais obstáculos que enfrentam na cozinha. Entre os mais comuns, estão a falta de tempo, a falta de referências culinárias e a falta de habilidade na cozinha. Vivo dizendo que cozinhar é como ler e escrever: todo mundo devia saber. Mas ninguém nasce sabendo. Precisa aprender e incluir isso na rotina. Tem tudo isso nos cursos da Escola Panelinha. Assim como falo muito também sobre a importância da divisão de tarefas -e demonstro que todo mundo come melhor se a responsabilidade não for de uma pessoa só (que, no Brasil, estatisticamente, quase sempre é da mulher).
Quais desafios de transmitir esse tipo de conhecimento a distância?
RL - Nos cursos da Escola Panelinha, o aluno aprende sozinho, sem hora marcada, avaliação formal ou qualquer tipo de mediação. É uma forma de garantir mais flexibilidade ao processo; cada um decide quando e como vai estudar. Mas tem um roteiro, uma sequência de construção do conhecimento e um incentivo muito grande para colocar esse aprendizado em prática. Não é só para aprender as receitas: é para aprender a pensar a alimentação, ampliar o repertório de ingredientes, sabores e técnicas e conseguir se virar na cozinha.
Como decidiram quais os temas das primeiras aulas?
RL - São mais de 20 anos acompanhando de perto as dúvidas do público. Abri a escola com um tema que eu sei que é a origem de muitas inseguranças na cozinha. Os temperos industrializados são um ícone da indústria dos ultraprocessados. Tem gente que não vive sem um cubinho de caldo instantâneo ou um "pozinho" bem carregado de sal, açúcar, gordura e aditivos químicos. E quando falo para eliminar todos os temperos prontos da despensa, muita gente me pergunta: "Como faz, então, para temperar?". No curso de estreia, "Aprenda a temperar com ervas e especiarias", mostro como usar ingredientes naturais como ervas, especiarias e legumes aromáticos -e por que largar de uma vez por todas o consumo dos temperos prontos ultraprocessados, que viciam e alteram o paladar.
Quais tipos de profissionais estavam envolvidos na produção da Escola Panelinha?
RL - Os cursos da Escola Panelinha contam com a minha didática, com a produção caprichada do Estúdio Panelinha e toda a experiência do Senac, um gigante do ensino que atua há mais de 70 anos no mercado educacional. Foram dois anos de desenvolvimento, envolvendo a área educacional do Senac, a cozinha de testes do Panelinha e nossa equipe de produção audiovisual.
Como é possível transferir esse conhecimento a distância?
RL - Os cursos vão muito além de videoaulas. A experiência da sala de aula virtual é completa, e conta também com textos explicativos, infográficos, atividades interativas, galerias de foto, testes de conhecimento e um caderno de atividades com conteúdo complementar. Dessa forma, o aprendizado fica ainda mais dinâmico e a participação do aluno mais ativa. É bom lembrar que o desenvolvimento dos cursos se apoiou na solidez educacional do Senac e na minha didática para ensinar as pessoas a cozinhar em casa.