Gilberto Braga, que morreu nesta terça-feira (26), é considerado um dos maiores nomes da teledramaturgia brasileira. Suas especialidades eram criar grandes vilões e retratar as mazelas do Brasil, como em "Vale Tudo" (1988).
O país parou no último capítulo para descobrir quem havia matado Odete Roitman (Beatriz Segall). A novela foi um marco na televisão e, hoje em dia, está disponível no serviço de streaming Globoplay.
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Braga é também considerado o responsável por levar as novelas brasileiras para o mundo. "Escrava Isaura" (1976), da TV Globo, foi vendida para a China, Cuba, Alemanha e Rússia, entre diversos outros países. A obra é uma adaptação do romance "A Escrava Isaura", e a história gira em torno de uma escrava branca interpretada por Lucélia Santos. O sucesso da novela também alavancou a fama internacional da atriz.
De acordo com o site Memória Globo, Braga estreou como autor na emissora carioca em 1972 com uma adaptação de "A Dama das Camélias", de Alexandre Dumas. Sua primeira experiência em telenovela foi com "Corrida do Ouro", em 1974, quando dividiu a autoria com Lauro César Muniz e Janete Clair.
Em 1978, estreou no horário nobre, com um dos seus maiores sucessos: "Dancin' Days", que tinha Sônia Braga como protagonista e Gloria Pires como sua filha. Sua estreia em minisséries foi com "Anos Dourados" (1986).
O autor nunca escondeu seu gosto especial por criar figuras controversas. "Eu gosto muito de herói, mas talvez eu escreva melhor os vilões", disse. Ele concorreu ao Emmy Internacional de Melhor Telenovela em 2008 por "Paraíso Tropical".
Outros trabalhos foram "Corpo a Corpo" (1984), "O Primo Basílio" (1988), "O Dono do Mundo (1991), "Anos Rebeldes" (1992), "Celebridade" (2003) e "Paraíso Tropical" (2007). A última novela assinada por ele na Globo foi "Babilônia" (2015).
O autor, que faria aniversário em 1º de novembro, morreu vítima de complicações por causa de uma infecção sistêmica, aos 75 anos. Gilberto era casado com Edgar Moura Brasil, decorador e seu companheiro por quase 50 anos.
Sucesso global
A primeira novela a romper fronteiras e exibir o potencial desta mercadoria brasileira para o mundo foi "Escrava Isaura", adaptação de Gilberto Braga para o romance de Bernardo Guimarães.
Em seu livro "A Melhor Televisão do Mundo" (Ed. Terceiro Nome), José Roberto Filippelli, primeiro representante da Globo para vendas na Europa e Ásia, narra cenas de histeria com Lucélia em vários países, quando a atriz viajou para prestigiar o sucesso da novela.
O hit de "Escrava Isaura" ajudou a alavancar a primeira versão de "Sinhá Moça" (1986), de Benedito Ruy Barbosa, com a mesma Lucélia no papel-título.
No início dos anos 2000, quando "Escrava" e "Sinhá" ainda performavam muito bem nas exportações, "Terra Nostra" (1999) também de Benedito, ultrapassou as campeãs de vendas e se tornou a primeira novela mais exportada pela Globo.