A nova animação da Pixar promete trazer encanto, risadas e reflexões para adultos e crianças. Para a atriz Claudia Raia, 54, que dá voz, na dublagem brasileira, a personagem Signora Mastroianni, "Luca" resgata e valoriza "as coisas simples e fundamentais da vida: amizade, empatia e aceitação."
Dirigido pelo cineasta italiano Enrico Casarosa, 49, indicado ao Oscar em 2011 na categoria de melhor curta-metragem de animação com "La Luna" (que perdendo o prêmio para "The Lost Thing"), o filme chega nesta sexta-feira (18) à Disney+ -sem custo extra a assinantes, como acontece com "Cruella" (2021).
O filme foi inspirado na vivência pessoal do diretor e conta a história de dois monstros marinhos, Luca (Jacob Tremblay, de "O Quarto de Jack") e Alberto (Jack Dylan Grazer, de "Shazam!"), que resolvem passar o verão na superfície, com a amiga Giulia (Emma Berman). "O que está no centro desse filme é uma celebração da amizade", diz Casarosa.
O ator ítalo-canadense Giacomo Gianniotti, 31, que ganhou fama por viver durante seis temporadas o médico Andrew DeLuca na série de drama "Grey's Anatomy" (2005, ABC), também estará no elenco do filme, como Giacomo, um jovem pescador italiano.
Um dos pontos fortes da animação é a ambientação. A história se passa na Riviera Italiana, local onde o diretor cresceu e cartão postal que desperta interesse de muitos viajantes, e a culinária do país também aparece. "Já compra um macarrão para fazer a noite porque [o filme] dá vontade de comer", brinca Sophia Raia, 18, que dubla a personagem Chiara.
A trama, produzida por Andrea Warren, de filmes como "Lava" (2014, Pixar) e "Carros 3" (2017, Disney), cria um paralelo entre os personagens conhecendo um novo mundo, com aventuras e confusão, e o momento da pré-adolescência em que se descobre sua real identidade.
Para Sophia, o longa irá tocar muitas pessoas porque a pandemia também proporcionou que muitas pessoas se redescobrissem. "Cada um descobriu pelo menos uma ou duas coisas importantes sobre si mesmo com esse tanto de tempo que tivemos para ficar em casa e refletir", diz.
Para Luís Miranda, 51, que interpreta Tio Ugo, assim como "Soul" (Pixar, 2020), a nova animação da Disney Pixar vai além do entretenimento. Os dois longas de fato tiveram o mesmo roteirista: Mike Jones, que também trabalhou em "Os Incríveis 2", "Toy Story 4" e "Viva - A Vida É Uma Festa", junto de Jesse Andrew.
A produção é o primeiro lançamento da Disney Pixar após o fechamento dos estúdios em decorrência da pandemia da Covid-19. Separadamente, a Pixar lançou "Soul", em dezembro do ano passado, e a Disney divulgou "Raya e o Último Dragão", em março de 2021.
"A mensagem de 'Luca' vai bater bonito no coração da família brasileira", diz Miranda, que já fez a dublagens de "Pets: A Vida Secreta dos Bichos" (2016). "É um filme que crianças e adultos conseguem entender", completa Pedro Miranda, voz de Alberto na dublagem em português do longa, que também participou do The Voice Kids (Globo) em 2019.
Em entrevista à reportagem, Rodrigo Cagiano, que faz a voz de Luca, ressalta que, apesar de o filme ser uma comédia, "tiveram algumas partes que eu quase chorei". Já Bia Singer, voz de Giulia, diz que ficou impressionada em como o filme conseguiu ser engraçado e emocionante ao mesmo tempo.
O elenco de dubladores infantis afirma que, além da mensagem forte e emocionante do filme, para eles foi uma grande surpresa poder trabalhar em uma animação de uma empresa conhecida internacionalmente. "Quem não quer dublar um filme da Disney e da Pixar?", diz Cagiano.
Singer diz que a melhor parte foi pensar que cresceu vendo filmes dos estúdios e que marcaram sua infância, e que "agora eu vou fazer parte da infância de alguém". Além disso, eles contam que, apesar de a dublagem para o cinema ser ainda mais técnica, é uma experiência muito divertida.
Veteranos do grupo, Claudia Raia e Luís Miranda destacam o desafio de sincronizar perfeitamente a fala com os movimentos dos personagens, e em interpretá-lo apenas com a voz. "Temos que trazer a brasilidade dele, o nosso humor", afirma Raia que conta já ter dublado há anos uma animação em que fez uma vilã francesa.
Miranda completa dizendo que o trabalho é extremamente técnico e específico, mas é algo muito prazeroso de se fazer. "Não é qualquer um não!", brinca o ator. Sophia Raia, filha de Claudia Raia, diz que, para conseguir dublar, é importante se atentar aos mínimos detalhes.
Para a jovem, o filme chega em um momento importante em especial no Brasil, com a vacinação em andamento. "É importante que tenhamos um olhar com menos julgamento, um para o outro, e aceite mais essas novas versões que nos esperam por aí."
Claudia Raia diz ser normal as pessoas se redescobrirem e evoluírem, em especial num futuro após a pandemia. "Talvez aquela versão antiga não possa ser mais colocada em cartaz novamente, estamos tendo que nos reinventar, é um novo mundo diferente", reflete a atriz.
Segundo a Disney, a decisão de lançar o longa-metragem apenas no streaming foi tomada pela própria empresa. "Alguns títulos seguiram com Premier Access [como 'Raya e o Último Dragão' e 'Cruella'] e outros não, assim como 'Soul'."
O último lançamento feito pela Disney nos cinemas foi a versão live action do filme "Mulan" (2020), que arrecadou cerca de R$ 355 milhões, na cotação atual. O valor ficou abaixo de projetos que tiveram o Premier Acess, como "Cruella" (R$ 655 milhões) e "Raya e o Último Dragão" (R$ 670 milhões), e que foram lançados gratuitamente no Disney +, como "Soul" (R$ 695 milhões), que teve retorno financeiro ainda maior.
Os dubladores infantis afirmam que o filme irá arrancar risadas e lágrimas de quem se entregar para as aventuras de "Luca". "Para quem quer rir ou chorar, é um filme muito lindo que passa uma mensagem muito importante", completa Pedro Miranda.
Ficha técnica (LUCA):
*Quando:18/06
*Onde: Disney+
*Classificação: Livre
*Elenco: Jacob Tremblay, Jack Dylan Grazer, Emma Berman, Maya Rudolph, Marco Barricelli, Jim Gaffigan Dublagem: Claudia Raia, Sophia Raia, Luís Miranda, Rodrigo Cagiano, Pedro Miranda e Bia Singer
*Produção: Pixar Animation Studios e Walt Disney Pictures
*Direção: Enrico Casarosa
Duração: 95 minutos