As incertezas da indústria artística de Hollywood mexem com os ânimos de atores, mesmo os já experientes. Ben Affleck disse temer estar sempre a um passo de um possível cancelamento em razão de alguma fala considerada equivocada.
O ator fundou junto com Matt Damon a produtora Artists Equity, que tem o objetivo de mudar a forma de pagamento e participação acionária de pessoas envolvidas em uma produção, como forma de ter mais certeza no futuro. A sede é em Los Angeles e tem 70 funcionários, com Affleck no cargo de CEO.
"Estamos todos sujeitos a inseguranças neste negócio. Sejamos atores, diretores ou escritores, o telefone pode parar de tocar para nós. Estou a um filme ruim de nunca mais trabalhar, e tenho uma família para sustentar", refletiu em entrevista ao jornal americano Deadline.
Na empresa da dupla, os atores se tornam investidores financeiros do projeto. O lucro do filme é divido de forma mais justa após o lançamento.
"Um dos problemas com a forma como os negócios evoluíram em Hollywood é que eu acho que, intencionalmente ou não, as pessoas foram ensinadas que a participação em projetos não é válida. Os custos vão se acumular e depois ainda serão descontadas taxas no pagamento final."
O ator deu o exemplo do filme "Contato de Risco" (2003), em que recebeu um pagamento alto, mesmo que a produção tenha fracassado em bilheteria, e que o resultado final de uma obra possa ser desanimador.
"Olhando para trás, isso não parece certo, pois o estúdio perdeu dinheiro. Não foi o filme que mais perdeu dinheiro na história, embora talvez tenha sido o fracasso mais famoso. Ainda assim, não me parece certo", disse. "Nossa produtora gera um investimento externo significativo para criar o que esperamos que seja uma espécie de mini estúdio independente no qual podemos criar fluxo de caixa. Com isso, podemos dizer 'ok, se você vai comprar um filme de nós, isso é o que vai custar para você."