O VI Simpósio Estadual de Formação de Professores de Sociologia receberá a exposição "Africanidade em Traços", do grafiteiro Tadeu Roberto de Lima Jr., mais conhecido como Carão. O artista de 32 anos se inspirou em imagens das tribos Hamer, Surma e Mursi, do Vale do Omo, nas fronteiras da Etiópia, Quênia e Sudão para fazer uma releitura com o grafite, arte praticada com spray e tinta.
"Escolhi esse tema pela minha descendência africana e intervenções corporais, fora a beleza", diz Carão. A mostra tem início nesta quinta-feira (21), no Anfiteatro Maior do CCH da Universidade Estadual de Londrina (UEL), às 20h30 e se encerra na sexta-feira (22).
Sobre o artista
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Tadeu Roberto Fernandes de Lima Jr., mais conhecido como Carão, nasceu no bairro João Paz, zona norte de Londrina. Descobriu o talento para a arte ainda criança, ao desenhar nos papéis e cadernos da escola.
Em 2000, participou da primeira oficina de grafiteiros realizada na cidade. Até então, os traços não passavam de linhas e escrita. "A partir daí, comecei a usar técnicas de spray. Passei a ter contato com o grafite nova-iorquino um pouco depois", conta.
Carão estreou suas habilidades no grafite pela primeira em um muro da escola do João Paz. "Pratiquei naquele muro. Pedia para o caseiro e ele deixava. Eu pintava com permissão e não cobrava nada", explica. Depois de aperfeiçoar sua técnica, deixou marcas na França, Argentina, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Ponta Grossa. Em Londrina, conheceu outros grafiteiros e formou a crew (nome dado a um coletivo de grafiteiros) "Capstyle". "Temos muitos grafiteiros bons aqui, a qualidade é muito alta. Mas não temos apoio, nem da iniciativa privada, nem da pública", diz.
Apesar de não morar mais na zona norte, o artista carrega suas raízes na pele e também as estampa em suas obras. "Tenho tatuagem da zona norte. Hoje não existe mais essa identidade com o lugar de onde você veio. Me orgulho de ter nascido lá. Vi asfaltar o bairro, modificar as coisas. Tenho isso comigo", conta.
Como poderá ser visto nas obras expostas na UEL, o trabalho de Carão tem como principal característica o realismo. "Grafito o mais real possível. Por exemplo, qualquer coisa que eu vou fazer, tem um 3D na letra, um quê de realismo. Tanto é que, quando comecei a desenhar, fazia caricaturas", detalha.
Além de grafiteiro, Carão é tatuador e tem um estúdio em Londrina. "Tem a ver com o mundo underground. Eu já tinha aptidão para o desenho, então decidi fazer tatuagem", revela. "Dá para viver de grafite, mas hoje ele apenas complementa minha renda. Meu trabalho evoluiu, tem uma procura muito legal por grafite", conclui.