O empresário e colecionador argentino Eduardo Costantini, fundador do Malba, em Buenos Aires, que mantém em seu acervo a tela Abaporu, de Tarsila do Amaral, marco do movimento antropofágico no Brasil, falou ao Caderno 2 do jornal O Estado de S. Paulo sobre a volta da pintura ao País, pela qual pagou US$ 1,3 milhão em 2001 (hoje seu valor ultrapassa US$ 45 milhões). Ele emprestou a obra ao MAR do Rio para a Olimpíada.
O senhor poderia não emprestar o Abaporu ao MAR. Qual a vantagem para o Malba?
Não há vantagem, há uma responsabilidade. Se uma obra é tão icônica na história de um país, diante do pedido deste país, me parece óbvio aceitar.
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Mas se fosse atender a todos os pedidos, o Abaporu não ficaria no Malba. Qual o critério?
Neste momento há um pedido do MAR, e de outros dois museus dos EUA, muito significativos, o MoMa, que tem a melhor coleção de arte contemporânea, à qual pertence Tarsila, e o Art Institute de Chicago, um museu importante. Quando nos fazem esses pedidos, vemos a promoção da arte de Tarsila, do Brasil e da América Latina em latitudes onde a presença da arte latino-americana é pequena.
Quanto custaria o projeto, do qual o senhor fala há anos, de um Malba no Brasil para abrigar o Abaporu permanentemente? O senhor falou em US$ 200 milhões de investidores brasileiros.
Eu penso num edifício do século 21, que tenha uma coleção de arte potente. É preciso recursos para mantê-lo. O Malba vale mais do que esta cifra, mas o projeto (brasileiro) poderia custar menos que a nova Tate, que saiu por US$ 500 milhões. Se falarmos de São Paulo ou Rio, não podemos investir US$ 10 milhões.