Após 15 meses em vigor, o convênio firmado entre a Prefeitura de Londrina e o HU-UEL (Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina) superou a marca de 83 mil testes RT-PCR (em português, reação da transcriptase reversa seguida pela reação em cadeia da polimerase) para diagnóstico da Covid-19. O número é considerado alto, já que a maioria dos municípios brasileiros sequer possui um programa próprio para testagem e depende exclusivamente dos exames fornecidos pelo Ministério da Saúde.
Somando rede pública e particular, foram efetuados em Londrina 247.541 testes RT-PCR, que é padrão ouro para identificar o novo coronavírus. Este teste molecular detecta com maior precisão a presença do vírus na fase inicial da doença. Isso garante um rápido diagnóstico e encaminhamento do paciente, e a diferenciação de outras doenças respiratórias.
Segundo o farmacêutico e bioquímico chefe do Laboratório de Análises Clínicas do HU-UEL, José Wander Bregano, outro ganho obtido com a testagem padrão ouro envolve a administração dos leitos hospitalares e as doações de órgãos. “Para captação de órgãos, em vida ou óbito, atendemos todo norte e noroeste do Estado. E a doação só pode ocorrer mediante resultado negativo para Covid-19, então termos esse serviço na cidade foi extremamente importante para a continuidade da doação de órgãos”, elencou.
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Além dos testes feitos com insumos adquiridos pela Prefeitura e analisados no Setor de Diagnóstico Molecular do Laboratório de Análises Clínicas do HU-UEL, a testagem na rede pública de saúde inclui testes enviados pelo Ministério da Saúde e pelo governo estadual. Porém, estes são enviados ao Laboratório Central do Estado, em Curitiba, com prazo mínimo de 72 horas, enquanto os testes analisados no Laboratório do HU ficam prontos em um prazo muito menor.
Todas as amostras do RT-PCR que chegam ao HU até às 11h da manhã ficam com o resultado disponível até às 19h do mesmo dia; já o resultado dos exames entregues após 11h são emitidos no dia seguinte. Esse serviço é realizado todos os dias, sem interrupções nos finais de semana ou feriados.
Bregano, que também é docente na UEL, citou ainda que, na região metropolitana de Londrina, apenas laboratórios privados analisam o RT-PCR e o HU é uma exceção. “Sabemos que pouquíssimos hospitais do Brasil efetuam essa testagem diária, como fazemos aqui. Desde que iniciamos a parceria com a Prefeitura a análise não cessou um dia sequer, e não tivemos falta de nenhum insumo. Somos muito gratos por esse acordo, pela luta árdua em obter todos os insumos de qualidade e com o valor adequado”, disse.
Os testes RT-PCR são coletados em pacientes dos hospitais públicos de Londrina, incluindo o próprio HU, no PAI (Pronto Atendimento Infantil) e nas unidades de saúde municipais exclusivas para atendimento de pacientes com sintomas respiratórios. São elas: UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Sabará e UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do Guanabara, Bandeirantes, Chefe Newton, Maria Cecília e Vila Ricardo.
De acordo com o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, o convênio entre a Prefeitura e a UEL possibilitou a Londrina um melhor enfrentamento da pandemia. “Pouquíssimos municípios do Brasil conseguiram implementar essa testagem. No início da pandemia, uma das primeiras indicações de todas as autoridades de saúde, em todo o mundo, era justamente a necessidade de testagem e diagnóstico rápido para condução correta dos casos. E foi o que fizemos em Londrina”, citou.
A parceria entre a Prefeitura e o HU-UEL compreende a aquisição dos insumos necessários para realização do RT-PCR. Essa compra inclui vários itens utilizados na coleta do exame e nas etapas de análise. Em quatro compras de reagentes e kits para o teste, a Prefeitura investiu mais de R$2,282 milhões de recursos.
“A Prefeitura se empenhou para comprar todos os insumos e aproveitar a expertise do Hospital Universitário, que é referência em vários segmentos. Fica nossa gratidão e reconhecimento aos profissionais do Laboratório do HU que, de forma rápida, se empenharam para que esse processo fosse implantado em tempo recorde, e Londrina se destacou como uma das cidades que mais testa em todo país”, afirmou Machado.
O secretário municipal de Gestão Pública, Fábio Cavazzoti, lembrou que nas primeiras semanas da pandemia era muito difícil adquirir os testes e seus insumos. À época, o Ministério da Saúde indicava que os exames fossem realizados somente em pacientes internados e em situação grave, por conta da escassez. “Recebemos várias ofertas de compras, com preços na faixa de R$150 a R$200, mas não tínhamos a segurança de que fossem confiáveis”, citou.
Após a formalização do convênio com o HU-UEL, a Prefeitura pôde aplicar um protocolo de testagem em todo paciente com sintomas de Covid-19. Em média, o valor pago nos insumos pela Prefeitura e pelo Hospital Universitário faz com que cada RT-PCR tenha um custo médio de, aproximadamente, R$50, cerca de três a quatro vezes menos que o valor praticado na rede privada. “Conseguimos aplicar essa ferramenta importante para controle da pandemia de forma ágil, eficaz e econômica. E mais de um ano depois, muitas cidades com o mesmo porte de Londrina ainda não têm uma análise local disponível para seus testes”, complementou Cavazzoti.
Para o secretário municipal de Gestão Pública, a atuação conjunta entre os servidores da Prefeitura e as equipes do HU-UEL viabilizaram que o programa de testagem seja um sucesso ininterrupto. “Agradecemos muito à UEL e ao HU por entrarem nesse programa. Nos adaptamos rapidamente, temos uma interlocução constante, e o resultado é essa iniciativa pioneira e bem-sucedida, que enaltece a capacidade científica da Universidade e a proatividade do nosso corpo administrativo”, disse.