A UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), por meio do Luac (Laboratório Universitário de Análises Clínicas), está mapeando variantes da Sars-CoV-2 em pacientes do HU-UEPG (Hospital Universitário). O objetivo é identificar quais pacientes se infectaram com a variante gama (P1 brasileira); delta (Índia); ou epsilon (Califórnia), como estratégia de controle da pandemia.
A equipe iniciou, no dia 2 de agosto, os testes para identificar a P1. No total, a pesquisa pretende analisar amostras de 300 indivíduos positivados para Covid-19.
Para realizar o inquérito molecular das variantes, a equipe emprega a estratégia chamada PCR em tempo real, em que são utilizadas sondas com componentes fluorescentes. A reação amplifica uma variante e a fluorescência produzida na amostra é detectada pelo sistema. O material é específico para identificar mutações presentes em cada linhagem.
"O intuito é também verificar a presença da variante delta na cidade. Caso consigamos identificar, poderemos informar os órgãos de saúde”, explica o coordenador da pesquisa, Marcelo Vicari. Os reagentes para diagnosticar a variante devem chegar em 15 dias.
O coordenador ressalta que a pesquisa não faz sequenciamento do genoma do vírus e, portanto, não identifica uma eventual variante nova. "Conseguimos apenas identificar a presença da variantes para as quais já temos a sonda”, afirma.
Caso a equipe identifique a suspeita de uma nova variante durante os testes, irá recomendar o sequenciamento da amostra e a montagem do genoma. "Já sabemos que mais de 90% da população brasileira é atingida pela P1 e, dos testes que realizamos, todos confirmaram para a variante gama”, destaca.
A pesquisa também busca associar a variante com o estado de saúde dos pacientes. "Queremos relacionar o tipo de variante e saber se os pacientes receberam a vacina, se já tiveram uma reinfecção, se estão em quadro grave ou se ficaram muito tempo na UTI”, completa Marcelo.
Larissa Glugoski atua como bolsista no Luac e conta que a pesquisa acontece em etapas. "Primeiramente, é feita a testagem da variante Gama, que é a que possui maior incidência no Brasil. Caso dê negativo, testamos para outras variantes”, explica.
Para Larissa, o projeto possui impacto não somente em âmbito hospitalar, mas também pode auxiliar na tomada de medidas públicas. A pesquisa permite rastrear as variantes não somente em Ponta Grossa, mas também em municípios vizinhos, visto que o HU recebe pacientes de outras localidades.
"Em um momento de pandemia, poder colocar em prática todo o conhecimento adquirido na vida acadêmica, em prol da pesquisa, da ciência e da população, é uma forma de retribuir todos os ensinamentos oferecidos pela universidade”, completa.
A pesquisa é financiada pelo Poder Judiciário, através da 2ª Vara Federal de Ponta Grossa, que colaborou com R$ 15 mil, e pelo Estado, com mais R$ 15 mil investidos pela própria UEPG. O projeto também tem aprovação do comitê científico do HU e da Comissão de Ética em Pesquisa da UEPG.
Giovani Marino Fávero, pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da UEPG, ressalta que a investigação das variantes pode ampliar a segurança epidemiológica e direcionar ações do sistema de saúde. "Até o momento temos pouca caracterização das novas cepas do vírus Sars-CoV-2 nos Campos Gerais. Assim, identificando as linhagens do novo coronavírus com mais rapidez, poderemos dar suporte de informações a instancias de controle pandêmico”, destaca.
Giovani ainda salienta o caráter científico do projeto, com formação de recursos humanos e trabalhos publicados. "O que justifica todo o investimento da Reitoria da UEPG na construção de um laboratório moderno e de alta capacidade diagnóstica em Biologia Molecular voltada a Análises Clínicas”, finaliza.
Estão envolvidos no projeto Marcos Pileggi (pesquisador); Bruno Ribeiro Cruz (pesquisador); Mackelly Simionato (pesquisadora); Ana Luiza Augustinho (residente clínica médica); Laís Karas (bolsista); e Fernanda Miléo (bolsista).