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Treinamento

UEL retoma projeto de exercícios com idosas

Redação Bonde com AEN
06 abr 2022 às 12:16

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- Divulgação/UEL
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Depois de um intervalo de dois anos em virtude da pandemia, um grupo de 80 mulheres de Londrina retornou em março às atividades do Estudo Longitudinal Envelhecimento Ativo (Active Aging Longitudinal Study) que analisa o impacto do treinamento de força muscular sobre a saúde de mulheres na pós-menopausa. O estudo é desenvolvido por pesquisadores do Gepemene (Grupo de Estudo e Pesquisa em Metabolismo, Nutrição e Exercício), no Cefe (Centro de Educação Física e Esporte), da UEL (Universidade Estadual de Londrina).


O projeto começou em 2012 e completa 10 anos oferecendo a prática de treinamento padronizado e supervisionado a mulheres da terceira idade. É considerado o maior estudo mundial na área de treinamento de força em mulheres com mais de 60 anos. Os pesquisadores já produziram 100 artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais, além de 30 trabalhos acadêmicos, teses de doutorado e dissertações de mestrado. Estes números conferem ao projeto o status de detentor de 7% da produção acadêmica e científica nesta área de investigação.

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O coordenador do projeto, professor Edilson Serpeloni Cyrino, do Departamento de Educação Física, afirma que o treinamento de força, em particular a musculação, pode ser uma ótima estratégia para combater muitos dos efeitos prejudiciais associados ao envelhecimento, porque previne e controla diversas doenças crônico-degenerativas como hipertensão, diabetes, cardiopatias, obesidade, dislipidemia (alterações nos níveis de colesterol e de triglicérides), artrose, osteoporose, entre tantas outras.

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Além disso, a prática regular do exercício fortalece os músculos e melhora o equilíbrio estático e dinâmico, reduzindo o número de quedas e fraturas. Também auxilia na melhora da qualidade do sono e controle da ansiedade e depressão. Dados publicados recentemente pelo Gepemene demonstram, ainda, que a prática regular da musculação em mulheres idosas está relacionada com a melhoria das funções cognitiva e executiva.

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“Ao envelhecer sofremos naturalmente diversas modificações, das quais a redução da força e da massa muscular, concomitantemente ao aumento de gordura corporal, principalmente na região do tronco (visceral). Isso torna muito mais fácil o declínio da saúde, da autonomia e da qualidade de vida”, diz o professor. Tais mudanças ao longo dos anos, em especial nas mulheres, estão associadas à redução na produção dos principais hormônios femininos (estrógeno e progesterona), fenômenos que acompanham a menopausa.


No que diz respeito aos depósitos de gordura, o efeito do envelhecimento ocorre na contramão da juventude. Se em mulheres jovens o acúmulo de gordura ocorre predominantemente nas chamadas regiões periféricas (braços e pernas), na velhice o excesso de gordura se concentra na região do tronco (cintura e abdômen).

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Uma importante consequência desta mudança na distribuição da gordura corporal é a maior predisposição para o desenvolvimento de diversas doenças, com destaque para problemas cardíacos e alguns tipos de câncer como de mama, de útero, de cólon e reto.


Os estudos do Gepemene confirmam que o quadro clínico pode ser atenuado, ou até mesmo revertido total ou parcialmente, a partir da prática regular de exercícios físicos adequados às diferentes necessidades, que respeitem os limites do próprio corpo e os ciclos da vida. “Entendemos que quanto mais velha a pessoa, mais ela vai necessitar de cuidados especiais, sendo a prática de exercícios a receita fundamental para um envelhecimento saudável com autonomia e qualidade de vida”, acrescenta o coordenador do grupo.

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Nesse sentido, a prática do treinamento de força em idosos apresenta uma série de vantagens quando comparada a outros tipos de exercícios, visto que exige pouco deslocamento, os movimentos podem ser realizados de maneira suave, respeitando as limitações articulares bastante comuns com o avançar da idade.


Além disso, os exercícios podem ser feitos em posições confortáveis (sentado ou deitado), e a prescrição das atividades pode ser individualmente. Vale destacar ainda que o risco cardiovascular desse tipo de exercício é reduzido, de modo que a prática de musculação por idosos é considerada bastante segura.

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DISCIPLINA – Cyrino explica que nestes 10 anos do projeto viu senhoras chegarem de bengala e conseguirem abandonar o apoio a partir dos ganhos de força, potência, massa muscular e equilíbrio provenientes da prática regular da musculação. Além desses inúmeros benefícios, a prática de exercícios físicos favorece a interação social, aspecto fundamental para a saúde mental. Muitas idosas são viúvas, separadas ou moram sozinhas.


O conjunto de benefícios da atividade física na terceira idade está ligado a seis dimensões distintas – morfológica, neuromuscular, fisiológica, metabólica, cognitiva e comportamental.

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O grupo de 80 senhoras faz três sessões de treinamento semanais, com duração de aproximadamente uma hora cada – às segundas, quartas e sextas. O projeto funciona na Academia de Musculação localizada no ginásio do Cefe e os equipamentos utilizados – novos e modernos – foram adquiridos com recursos da Fundação Araucária, Capes, MEC e do CNPq. As atividades físicas são monitoradas por 22 estudantes de graduação e de pós-graduação em Educação Física e Ciências da Saúde. Acadêmicos das áreas de Psicologia e Nutrição também atuam na equipe de investigação, proporcionando ao projeto característica multiprofissional.


Para participar do projeto as mulheres passam por uma extensa anamnese clínica e por uma bateria de exames que incluem avaliação com o cardiologista Ricardo José Rodrigues, professor do Departamento de Clínica Médica do CCS (Centro de Ciências da Saúde) e doutorando do Programa de Ciências da Saúde da UEL. Adicionalmente, as participantes são submetidas a uma avaliação da composição corporal, por meio de exames de impedância bioelétrica e de imagens (ultrassonografia e densitometria) para análise da quantidade de gordura, massa muscular, densidade óssea e hidratação.

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O diagnóstico é complementado com exames de sangue analisados pela equipe de professores do Departamento de Patologia Aplicada, Análise Clínicas e Toxicológicas do CCS da UEL, formada pelos professores Décio Sabbatini Barbosa (vice-reitor), Daniele Venturini e Alessandra Miyuki Okino.


Para finalizar as avaliações, as participantes ainda fazem testes de força muscular dinâmica e estática, em aparelhos da própria academia de musculação e em laboratório com o uso de dinamômetros isocinético e hidráulico, e uma bateria de testes motores para avaliação da mobilidade articular, do equilíbrio, velocidade de caminhada, potência muscular, agilidade e aptidão cardiorrespiratória. O objetivo é analisar a aptidão funcional.


“São exames importantes porque nos fornecem um diagnóstico da relação saúde/doença, de modo que podemos intervir positivamente na vida dessas pessoas para que possam viver mais e melhor”, destaca Cyrino.


RETOMADA – Depois de dois anos de paralisação forçada, em virtude da necessidade de distanciamento social, as participantes do projeto retornaram às atividades motivadas e com muita ansiedade. Esse período também será oportuno para que os pesquisadores possam fazer uma avaliação criteriosa do impacto da falta de exercícios físicos para a saúde da mulher com o avançar da idade, já que muitas das participantes estavam envolvidas no projeto, fazendo exercícios regulares há pelo menos um ano.


Os dados desta avaliação foram coletados durante as três primeiras semanas do mês de março e devem ser divulgados em breve.


A aposentada Irene Nixdorf é uma das mais antigas participantes do projeto, desde a primeira turma, e conta que os benefícios estão ligados à redução de dores nas articulações, aumento de força muscular, além da possibilidade de poder compartilhar um tempo com pessoas da mesma faixa de idade. Irene explica que aos 79 anos mantém uma rotina independente realizando todas as tarefas de casa e até deixando em dia o jardim da casa.


Outras duas senhoras ativas são Aparecida da Silva (83 anos) e Maria Izabel Silva Pereira (63), respectivamente mãe e filha. As duas participam do projeto desde 2018. Maria Izabel conta que a mãe apresentou não só benefícios físicos, mas melhorou o aspecto psicológico, a partir do relacionamento com as colegas de academia, nas sessões realizadas três vezes por semana. Durante a pandemia, com a suspensão das atividades, a mãe sentiu bastante falta dos exercícios e da interação com as demais participantes do projeto.


Outra aposentada animada com resultados é Eudoxia Maria Gomes, de 71 anos, que participa das atividades desde 2011. Ela conta que os benefícios sentidos são aumento de força nos braços e uma sensação de conforto para realizar as atividades cotidianas. Ela ainda sentiu melhoria no sono e até na alimentação, a partir das recomendações repassadas pela equipe do Gepeneme.

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