A maior base de dados do desenvolvimento científico do Brasil está fora do ar desde sábado (24). Professores, pesquisadores e estudantes não conseguem mais acessar a plataforma lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pois o servidor da maior instituição do país queimou.
Em um primeiro momento, o CNPq informou não havia backup da plataforma lattes, sendo difícil dimensionar a quantidade de dados que foram perdidos, provocando o desespero da comunidade acadêmica. "A placa do servidor que queimou não tinha backup, a gente não sabe exatamente o que a gente perdeu (de dados), se perdeu alguns segundos, minutos, horas, dias."
Em nota, o CNPq anunciou, nesta terça-feira (27) que já diagnosticaram o que ocasionou o problema, dispondo de novos equipamentos de TI e que não há perda de dados do Lattes. Além disso, o pagamento das bolsas implementadas não será afetado.
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Informe CNPq
Em continuidade aos comunicados sobre a indisponibilidade dos sistemas do CNPq, incluindo as Plataformas Lattes (Currículo Lattes, Diretório de Grupos de Pesquisa, Diretório de Instituições e Extrator Lattes) e Carlos Chagas, fazemos os seguintes esclarecimentos. pic.twitter.com/U3VtkrTdfmPublicidade CNPq (@CNPq_Oficial) July 27, 2021
Comunidade acadêmica revoltada
Nas redes sociais, a comunidade acadêmica se revoltou com o acontecimento. Para muitos, a "queima" é o resultado dos constantes cortes governamentais na verba da educação. Estudantes e pesquisadores estão receosos de que os registros de suas publicações podem ter desaparecido, perdendo, também, anos de trabalho.
A perspectiva de ter que redigitar o Lattes do zero está me causando ansiedade grave.
Ou gasto horas de trabalho repetitivo e desgastante ou gasto muito dinheiro com assessoria acadêmica.
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A terceira via é desistir tudo e realizar o sonho antigo de treinar pinguim na Patagônia pic.twitter.com/DqT3ldlffL
Fred Fernandes (@FredLAFernandes) July 27, 2021
A PhD em Sociologia Sabrina Fernandes explica a importância da plataforma na comunidade acadêmica:
Pra maioria dos pesquisadores no Brasil, manter um lattes não é questão de vaidade, mas questão de sobrevivência e esperança no mercado de trabalho. Não me parece fazer sentido tratar como exagerado o pesquisador preocupado com Lattes perdido no servidor queimado do CNPQ.
Sabrina Fernandes (@safbf) July 27, 2021
Muita gente precisa acessar o lattes, mas a plataforma segue fora do ar. O CNPq está operando com um orçamento apertadíssimo (o menor dos últimos 21 anos), num momento onde PRECISAMOS de investimento em ciência. 👇#CNPq #ApagaoDoLattes #Lattes #ApagaoDoCNPq
Publicidade Mellanie Fontes-Dutra, PhD 💉😷 (@mellziland) July 27, 2021
O ex-candidato à presidência do Brasil Guilherme Boulos culpa o descaso do governo e a falta de verbas:
Mais de 200 mil pesquisadores cadastrados na plataforma Lattes estão com o sistema offline há 3 dias porque queimou a placa mãe do servidor. No quesito destruição, o Brasil de Bolsonaro é medalha de ouro!
Publicidade Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) July 27, 2021
A professora de Física na Cefet-RJ, doutora em Filosofia pela UERJ e mestre em História pela UFRJ Elika Takimoto também comentou sobre a situação:
O apagão da plataforma do CNPq que armazena dados acadêmicos e a produção científica dos pesquisadores deste país é uma consequência do apagão nos investimentos na Ciência e na Pesquisa. É sério. É gravíssimo e não duvido do presidente achar graça disso.
Elika Takimoto (@elikatakimoto) July 27, 2021
*Sob supervisão de Fernanda Circhia